A Teoria Sistêmica enfoca seu estudo na pessoa em seu contexto de relacionamentos. Tem como premissa básica o trabalho com o potencial de mudança dos seres humanos de transformar suas relações nos contextos em que vive, a partir de suas próprias competências. Nesta perspectiva enfatiza através da linguagem, os processos mentais (mundo interno) e o contexto a qual a pessoa está inserida (mundo externo), bem como toda a complexidade de suas interações.
A partir da visão Sistêmica, as pessoas e as instituições estão de alguma forma implicadas em amplas redes sociais, tornando-se necessário compreendê-las e articulá-las. Quaisquer intervenções devem levar em conta o contexto onde o fato acontece e toda a complexidade de suas interações.
A violência tem múltiplas causas: individuais, relacionais, culturais e comunitárias. Respostas que atuem apenas em uma dessas causas são insuficientes. Necessitamos de soluções que não reduzam as razões desse problema a causas únicas.
Ao utilizarmos a Visão Sistêmica como fundamento teórico, o fenômeno da violência passa a ser visto na sua complexidade (causas individuais, relacionais, culturais e comunitárias). Portanto, ao incluirmos a noção da complexidade das causas, estamos dizendo “não” à simplificação e ao reducionismo. A ação sistêmica presta atenção direta aos envolvidos, capacita e sensibiliza os profissionais (de saúde, assistência social, direito e segurança pública) e a população em geral, contribuindo para novas políticas públicas.
A violência familiar deve ser pensada levando em consideração o fato em si e o contexto onde ele ocorre. Um ato de violência tem um “autor”, uma “vítima” e, na maioria das vezes, testemunhas. O contexto que possibilita o fato tem a participação de todos, pois mantemos (retroalimentamos) a violência na cultura que vivemos.
Muitos comportamentos que condenamos, além de terem sido permitidos ao longo dos séculos, ainda se manifestam em nossa cultura. Se olharmos as leis de um país como uma das inúmeras manifestações da cultura de um povo, podemos ver que a violência ainda é tolerada e até mesmo incentivada. Não avançaremos na prevenção da violência se não incluirmos no foco de nosso trabalho todos os envolvidos na situação.
É necessário que nosso trabalho alcance todos os envolvidos: vítimas, autores de violência, testemunhas, bem como, a rede comunitária imediata. Por outro lado, para prevenir a violência, é importante sensibilizar também a população para que não a perpetue ao menosprezar ou negar a problemática da violência familiar.
Ao final e de volta ao princípio, precisamos sensibilizar as equipes multiprofissionais que trabalham com famílias em situação de vulnerabilidade. Acabar com atitudes de negação e despreparo no caso de profissionais inseridos em serviços públicos ou em atividades de educação e saúde, passa a ter caráter de urgência.
O despreparo acaba quando conseguirmos definir e reconhecer a violência. É mais fácil identificá-la e condená-la nas suas manifestações mais grotescas, mas muito difícil quando se manifesta sutilmente como ato de educação, cuidado e proteção.
Uma cultura de paz só virá pela conscientização de que a violência é toda ação que desconsidera a legitimidade da diferença e, que tenta impor ao outro o que é verdade para nós.