Reflexão no meu aniversário de 65 Anos
Me divirto quando ainda recebo comentários misóginos, sejam de pessoas queridas, de desconhecidos ou do meu próprio self sobre minhas escolhas de viver.
Confirma que estou desafiando normas sociais arcaicas.
Comecei a escrever aqui e veio assim, no diálogo interno: Não precisa expor a idade, sussurrou meu Personagem Interno Voz da Cultura.
Oh!
Começou mal e me inspirou.
Odeio um NÃO que limita a liberdade de ser a Mulher que escolho ser.
Adoro um NÃO como força motivadora para transgredir padrões culturais aprisionantes.
Pessoas próximas gentilmente ainda me perguntam se não penso em voltar a pintar meu cabelo e mais atualmente, desliza no meu cabelo a tal da frase: “Não achas que está muito comprido pra tua idade”?
Parece tão óbvio que mulheres tem o direito de ser o que elas quiserem ser em qualquer idade, mas esse não é o padrão normativo da cultura.
A misoginia, o machismo, sexismo aparece de várias formas, sutis e repressoras.
Na descriminação, desrespeito, na objetificação, no desmerecimento, colocando as mulheres em situações de insegurança, humilhação, inferioridade.
O homem não precisa se manter próximo do padrão de beleza alto, magro, branco, de aparência juvenil e com os cabelos grisalhos escondidos.
Os padrões de beleza são socialmente construídos e imperam nos corpos femininos.
No exemplo dos cabelos, para a mulher, o cabelo natural grisalho, longo é frequentemente associado ao significado de velhice assexuada, aspecto desinteressante, decadência.
Para os homens o embranquecimento dos cabelos é charme.
Oi?
A quem interessa essa construção?
O que dizemos a nós mesmas que reproduz e perpetua a objetificação dos corpos das mulheres?
A luta tão ridícula, mas necessária é pelo nosso direito aos nossos corpos.
Direitos mínimos como engordar, emagrecer, ter rugas, grisalhar, envelhecer e continuar sendo feliz com auto estima, não estão garantidos.
A luta é contínua e a mudança começa em nós.
Nós somos a força que revoluciona os costumes.
Mulheres precisam de mulheres.
E eu sou apenas uma mulher de 65 anos sendo feliz!
Qual o problema e risco disso?
Escrita em 14/07/2024
Telma Lenzi
julho / 2024