“Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano, vive uma louca chamada Esperança”.
Mário Quintana
Junto da Esperança, vivem também neste andar do ano, outras emoções e sensações: o fecho de um ciclo, avaliação do sentido da vida, metas alcançadas. Também, a depressão do calendário, metas não alcançadas, arrumar os desacertos, ter que dar conta de tudo o que não deu conta.
A sensação de finitude nos pergunta: Um ano a mais vivido ou um ano a menos de vida?
Como caminha o desafio de envelhecer e se manter renovada?
Essa é a pergunta: como se manter renovada?
Nos caminhos que percorri em 2010 – vivências e sobrevivência, entre as fórmulas de alguns remédios encontrei uma tal fórmula.
Eu a estou chamando de “Fórmula da minha felicidade”. Ela é simples e pessoal.
Comece respondendo a seguinte pergunta:
Qual o percentual de erro aceito por você, para com você mesmo, para com as pessoas e com a vida?
Se a resposta for menos que 20%, eu o convido a rever seus conceitos do que é a vida e o viver.
A fórmula da imperfeição feliz prevê o erro como parte do itinerário.
Relembra nossa humanidade, reafirma o sentido da vida.
As surpresas vêm, e nem sempre são boas.
A vida segue seu rumo indiferente do que a gente quer ou deixa de querer.
Somos nós que temos que nos modificar.
Somos nós que temos que flexibilizar em função das circunstâncias onde cometemos erros.
Podemos nos surpreender com nossa capacidade de dar novos significados às experiências ruins que vivemos.
“Aceite o fluxo. Hoje você pode ser rio. Amanhã se fundir ao mar, e depois virar chuva”.
Escuto de um mestre
“Podemos ressignificar e sair fortalecidos e mais humanizados após cada percalço do caminho.”
Escuto do Dalai Lama
Então precisamos rever o nosso “pra que”, nosso propósito.
Precisamos superar qualquer “o que”, ressignificar os acontecimentos.
E buscarmos o nosso “como”, nossas escolhas de caminho.
Tem algum outro jeito?
Brigar com a vida ou com a gente adianta para alguma coisa?
Nosso maior inimigo não pode morar dentro de nós mesmos.
Querer 100% de acertos quebra os perfeccionistas.
Querer 100% de facilidades nos torna a grande vítima das circunstâncias.
Ajuste os números!
Defina sua fórmula e o que vai fazer parte dos 20% de aceitação.
Auto tolerância, aprendizagem, resignação, aceitação do erro como condição humana? Já é um bom começo.
Precisamos aderir ao Projeto Culpa Zero.
A felicidade é a clareza de viver o tempo a nosso favor e não contra.
A culpa nos joga pra trás, para o passado.
Viver no presente e receber inspiração para novas perspectivas futuras e narrativas sobre nossa existência, é a liberdade de ser quem se é.
Nossa vida começa antes dos nossos bisavôs e não acaba em nossa existência.
Permanecerá em tudo que foi tocado por nós.
Nossa existência será em média 80, 90 anos e isso é muito pouco comparado a vida em sua extensão.
A vida precisa ser apreciada e não empobrecida com idealizações e ilusões perfeccionistas não alcançáveis.
Sejamos éticos e responsáveis pelo bem estar de nosso mundo interno, que o reflexo no mundo externo vem como conseqüência natural.
Somos seres sociais interligados.
Faço um convite!
Vamos agradecer às muitas vidas que se interligam a nossa vida e manter o compromisso com o “bem estar” aceitando a vida e a humanidade em pelo menos 20% de imperfeição, não esqueça.
Imagine, caso não seja a sua realidade, que você está lendo essa crônica em um pedaço de papel.
Fixe sua atenção nele por alguns instantes.
Perceba as muitas vidas presentes nela.
A vida dos criadores dos computadores, impressoras, das tintas.
A vida das árvores, o sol, a água.
A vida do lenhador que cortou a árvore.
O processo de se transformar em folha de papel até chegar perto de você.
Agora perceba a vida e a dança das palavras que dão sentido a este texto.
A vida dos inventores da escrita e das palavras.
A vida de todas as pessoas que são pedaços e continuidades dos meus pensamentos, reflexões de mim refletidas aqui.
A todas essas vidas interconectadas em conexões imperfeitas.
Deixamos nosso agradecimento!
Telma Lenzi | Dezembro de 2010