Onde vivemos?
Onde passamos a maior parte do nosso tempo?
Como cuidamos dos nosso ambientes?
No disruptivo e abrupto início da Pandemia, foi urgente adaptar minha rotina de trabalho em casa.
Foram várias tentativas de locais até o atual finalizado, que apresento nessa foto.
Eu tinha um escritório montado, mas não foi ali que senti as melhores sensações. Faltava algo, gerava algo ruim.
O entorno convida a respostas e sensações. Tanto positivas como negativas.
Precisamos estar atentos a essas interferências.
Precisamos convidar reflexões, um Personagem Interno para podermos pensar nossos ambientes.
Eu tenho a minha, chamo pra ela de Sílvia, minha decoradora e harmonizadora interna.
Ela se desenvolveu no meu mundo interno, há uns 8 anos. Eu não conhecia esse mundo de sentir o ambiente externo.
Minha irmã arquiteta cuidava disso. Eu era treinada em olhar para os mundos internos meus e dos outros.
Foi uma boa conquista.
Sou grata e feliz pela inspiração que veio da minha irmã para construir a minha Sílvia.
Assim fazemos quando precisamos, queremos algum recurso novo, algum outro Personagem Interno, voz interna, respostas diferentes para as solicitações do mundo.
A gente convida.
A gente diz: Eu quero saber mais disso. Eu quero responder de outra forma a isso.
E a gente reflete, estuda, fica atenta, tenta, erra, desiste, volta, percebe, busca modelos, inspirações, conversas com pessoas, lê muito, conversa consigo mesmo, reflete mais e sempre, tenta de novo, erra novamente, percebe a suplementação do contexto e segue.
A cada dia podemos melhorar nossas performances.
E se nossas novas respostas forem suplementadas, valorizadas pelo contexto em que vivemos, vamos criando uma nova identidade, voz, ou Personagem Interno.
Sílvia (minha Personagem Interna decoradora) ganhou espaço e foi crescendo em sensibilidade.
Assumiu reformas totais do meu apartamento, Clínica, consultório e amava os dias de FOT onde soltava toda a sua criatividade.
Percebendo o que era importante para mim e para o outro, a partir dessa sensibilidade, pode reformar vários ambientes, casas, apartamentos de pessoas próximas e familiares.
Alguém perguntou a um filho, se eu estava mudando de profissão.
Não.
Foi uma ampliação que vivi e que me fez melhor.
Hoje sou conhecedora dos contextos internos e externos.
Um presente pra mim.
Com a Personagem Sílvia percebi a responsividade e os diálogos meus com meus entornos, meus ambientes.
Mais do que a beleza estética, busco as respostas singulares para mim.
Fui aos poucos percebendo que certas cores me convidam a estar tranquila ou agitada.
E que as cores preferidas mudam com as fases da vida, com as estações.
Que o meu Natal pede o vermelho, o meu ritual de virar o ano exige o branco, e que essas cores tem sentido pra mim, na minha história, e que podem não ter o menor sentido para o outro. E está tudo bem.
E tudo bem também se de repente tudo muda e novos cores e sentidos chegam. Algo mudou e é bem vindo.
Passei a ter consciência do efeito maravilhoso em mim da natureza por perto, pela vista das janelas, do por do sol, da madeira nos móveis, nas plantas e flores. Do aconchego dos tecidos macios dos sofás e o algo mais de uma manta quentinha no inverno.
A arquitetura, o design, a ergonomia, contam muito.
Estão na mesma busca: Aumentar o bem estar. Somam ao bem estar emocional.
Tudo converge.
Estar confortável em si mesmo, gera bem estar para quem está perto.
Apresentar e estar confortável em sua casa, ou ambiente de trabalho é também se apresentar ao outro e gerar no outro bem estar.
Cada pessoa é única, e cada ambiente também.
E essa sensação de singularidade é o que dá a um ambiente a sua alma.
Quantas emoções em uma cor.
Que paz traz a consciência do equilíbrio.
Um sentimento a mais causado pela iluminação, um senso de estilo, um jeito de ser no mundo.
Qualquer jeito, o seu jeito.
Pra onde olho gosto de ver algo que me encante, me lembre de algo bom. Ao mesmo tempo que gosto de sentir meu espaço livre e mutável, para poder criar imaginar e reconstruir.
Minha casa reflete bem o meu viver!
Palavras de Sílvia:
Decorar e harmonizar não significa gasto financeiro alto.
O estilo da nossa casa, é o que somos. E não o sonho que se vende na loja ou na mostra de decoração.
O bem-estar envolve perceber os seus valores que, ultrapassam tendências de decoração.
Decore com singularidade e legitimidade. O estilo é seu.
Não tem certo e errado.
Tudo se aprende com o sentir e o que faz sentido pra você.
Tire um momento de pausa para isso.
Use da liberdade de decorar e emocionar com humor.
Observe o que serve pra você em um dado momento da vida.
Olhe para todos os cantos e se encante.
Não tenha nada em sua casa que não seja útil e que não ache bonito.
Use as cores. Elas definem espaços e sensações, modelam a luz, transformam a casa, nos convidam a algo bom de sentir.
Busque a boa luz. A iluminação é o clima do ambiente. Ela afeta o ritmo biológico e emocional.
Aceite a calma da simetria. E de vez em quando quebre ela.
Mantenha a sensação de amplitude.
Mescle o novo com o antigo, seu caminho, sua história.
Privilegie aspectos emocionais, memórias de família, boas histórias, aromas, sons, texturas e suavidade.
Crie espaço para aproximar as pessoas.
Monte o espaço para viver, desfrutar e construir a energia que vai gerar a sua vida, lhe abrigar do medo, da dor e dos momentos necessários de solitude.
Ela é seu templo de cuidado.
Arrume, recicle, decore, cultive, plante, cozinhe.
Ela é seu templo de crescimento.
Leia, escreva, pinte, estude, aprenda, evolua, ensine.
Ela é seu templo de festejar.
Escute música, cante, dance.
Ela é seu templo de fé.
Reze, medite, envie amor, peça, agradeça!
Telma Lenzi
1/10/2020