Educação: um compromisso público

No sábado dia 27 de maio de 2017,  um grupo de pessoas, uma comunidade colaborativa, se reuniu para refletir sobre […]

No sábado dia 27 de maio de 2017,  um grupo de pessoas, uma comunidade colaborativa, se reuniu para refletir sobre o Sofrimento Emocional na Educação.

Para além dos problemas apresentados construiu-se possibilidades e o compromisso de torná-las públicas.

Neste documento que a mim, Telma Lenzi,  foi designado, coube a tarefa de integrar saberes e sentidos, esperanças e desesperanças, para contribuir com os caminhos de uma educação sem violência no nosso contexto.

Nós nos comprometemos em fazer algo que possa gerar uma diferença.

Como ativistas com “a” minúsculo, de dentro do sistema, propomos subvertê-lo com uma prática de paz construída nos encontros humanos: os diálogos. Sejam internos ou externos, seja pessoalmente ou pela leitura deste texto, fazemos ao leitor o convite para pensar conosco as possibilidades para a educação.

Acreditamos que a educação ocorre muito além das salas de aula, em qualquer relacionamento, em qualquer contexto, em nossas famílias, em nossas vidas cotidianas, na linguagem.

Diálogos são momentos especiais, que ocorrem em todo relacionamento humano e nos quais a fala de cada um é recebida com respeito e compreensão pelo outro, criando um entendimento útil e compartilhado. São micro práticas de paz, que permitem a compreensão da singularidade e da alteridade de cada um. Construídos a partir da escuta generosa e do cuidado com as abstrações e julgamentos que não levam em conta o contexto e a história onde cada um situa seu posicionamento. Uma filosofia de vida.

A partir destes norteadores, o processo (o formato, o modo, a experiência) como aconteceu o Curso de Sofrimento Emocional na Educação torna-se nosso caminho preferencial para uma educação de relacionamentos de paz.

A partir do que vivenciamos em nossa experiência, propomos o que segue como um convite à reflexão de todos:

  • Desenvolvemos uma comunidade relacional, convidando todos os envolvidos e interessados no tema para a conversação de possibilidades
  • Incentivamos formas narrativas
  • Damos voz a todos em pequenos grupos e em grande grupo
  • Tornamos público diversos saberes distintos e legitimamos o maior número de vozes possíveis
  • Propomos práticas e formas alternativas de exposição do conteúdo para legitimar as várias formas de aprendizagem
  • Enfatizamos a prática dos Diálogos de Paz: Ouvir genuinamente, falar apreciativamente, sem julgar, conhecer o contexto e a história pessoal de cada posicionamento
  • Respeitar e validar vozes diferentes nos diálogos internos e externos
  • Criar novos entendimentos compartilhados
  • Escolhemos os diálogos de qualidade, as micropráticas de Paz e suas formas de abranger o macro sistema, mesmo que por vezes nos pareça utópicos
  • Questionamos a verdade com “V” maiúsculo e o ativismo com “A” maiúsculo como formas radicais de posicionamentos, que podem convidar ao embate e aos diálogos violentos. O ativismo com ‘a’ minúsculo propõe  mudança de dentro do sistema
  • Usamos o acolhimento e a afetividade das práticas humanizantes nos contextos onde possamos ir além dos rótulos e diagnósticos da cultura do déficit
  • Não aceitamos convites para interações violentas. Articulamos de forma pacífica, com limite, e convidamos outras vozes diante destes contextos
  • Cuidamos de nossos diálogos internos no cotidiano para percebemos com que vozes estamos reagindo ao que ouvimos. Relações de paz consigo mesmo resultam relações de paz com o outro
  • Misturamos as fronteiras entre sala de aula e vida pessoal
  • Abrimos mão do individualismo e percebemos o contexto como um todo

Estudantes, professores, escola, sistema educacional estão todos saturados. Não há culpados.

Sabemos que o que foi pensado individualmente por alguém é  um subproduto dos seus diálogos e seus relacionamentos. Mas o ensino tradicional, com sua base individualista, reproduz a cultura do isolamento e alienação,  não reconhecendo a importância da produção relacional do conhecimento.

Somos todos responsáveis em propor com à comunidade possibilidades de mudança através do aprendizado colaborativos com os outros e através dos outros.

Assim sendo abaixo assinamos,

Alessandra Carvalho Costa Leite
Amanda Dos Anjos Corrêa
Amanda Dri Lima
Ana Carolina Vianna de Rezende
Ana Claudia Felicissimo Camargo Lima
Ana Lúcia Cidade
Ana Paula de Almeida Girolamo
Andressa Silva da Rosa
Bruno Lenzi
Caroline Battistello Cavalheiros S.
Cidiane Roberta Monteiro Lofi
Daiani Villain
Daniele Albino
Debora Ramos
Edson Tadeu Benthien
Guilherme Barros Farah
Isabelle da Silva Kretzer
Izanete da Silva
Juliana Pereira
Karoline Machado da Silveira
Letícia Gabriela Weigenannt Simão
Luana Hemsing Costa Cacciattore
Luísa Gonçalves Santos
Maria Aparecida Medeiros Peres
Maria Célia Hasse
Mariana Vieira Apóstolo
Mário Cesar Fernandes
Melissa Lins de Abreu Lange
Mirthis Macedo
Pedro Pereira Lenzi
Priscila Christianette
Renee Valentine Gonzaga Curial
Ricardo Bernardini de Oliveira
Rita Verônica Mendes
Roberta Roque da Silva
Savana Flores Pereira S.
Silvia Martins Janeiro D’Auria
Suzana Souza Araújo
Telma P Lenzi
Thaís Bastos Ramos
Thaisline Priscila Farias
Thuany de Melo Coelho
Victor Moreia de Moraes Lopes

Florianópolis, junho de 2017.

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