Diálogos – Uma prática pacifista

Diálogos – Uma prática pacifista

Convites ao diálogo:

O mundo, o meu mundo o seu mundo, se constrói e reconstrói  através dos diálogos, das trocas. Somos seres sociais.

Nosso nível de desenvolvimento  só se deu porque sempre nos unimos em tribos, em trocas para vencer os grandes desafios.

Diálogos acontecem externamente, publicamente em cada relacionamento de troca que nos torna.

Da mesma forma que diálogos continuam em nossas vidas internas, com nossos Personagens Internos nos momentos que cessamos a externalização das conversações e elas seguem no privado do nosso self.

Diálogos nunca cessam. Somente fazem pausas, mudam de interlocutores. Tornam-se públicos ou privados em uma contínua música.

Mobilizam estados e emoções e, transformam estados e emoções.

Geram reflexão, angústia, pressão, ampliação, transformação, bem estar, esperança, paz.

 

Dentre outros, trago dois fatores que importam na qualidade dos diálogos:

  • Nossa responsividade, capacidade de responder de maneira útil e geradora de novos significados para seguirmos adiante em trocas produtivas.
  • Nossa suplementação ao que escutamos do outro, que significamos internamente ao ouvir do outro. Aqui podemos agir pelo impulso da mobilização causada, ou pelo tempo interno que nos damos ao refletir uma emoção que a fala do outro nos causa, nos responsabilizando por ela.

 Este desafio está posto exatamente ai, na linguagem dessas trocas, nas formas preferenciais de estar com o outro.

Qual a sua escolha, sua filosofia de vida, seu tom em uma conversa?

Os tipos de conversa que temos uns com os outros nos falam muito da relação que temos com o outro.

Dialogar é uma busca colaborativa por entender a outra pessoa a partir da sua perspectiva e não da nossa.

Diálogo é uma forma de comunicação na qual falamos com o outro (em voz alta) e, num contínuo, com nós mesmos (internamente com os Personagens Internos), buscando novos significados para seguirmos adiante.

Os diálogos estão carregados de presente, passado e futuro. Carregados com a nossa história  pessoal.

Quanto mais nos conhecemos mais conseguiremos estar presente nos diálogos. E quanto mais estivermos em diálogos mais nos conheceremos.

 

Diferenciando diálogos de discussão e embates 

 

DISCUSSÃO/DEBATE

 

 

   DIÁLOGOS

 

Fecha questões    Abre questões
Convence    Mostra
Demarca posições    Estabelece relações
Defende ideias    Compartilha ideias
Ensina    Compreende
Domina x Submete-se    Colaboração
Examina as partes em separado    Vê as relações entre partes e o todo
Define a ideia que vence    Todos ganham
Descarta as ideias vencidas    Revela a pluralidade das idéias
Faz acordos    Faz emergir novos significados

 

Não estamos em diálogos quando: 

  • Estamos fechado para ouvir diferenças, questionamentos ou discordâncias.
  • Achamos que já sabemos do outro e antecipamos suas respostas, ou pressupomos o que esteja por trás delas.
  • Entendemos o outro através de nossa perspectiva e não da perspectiva dele.
  • Não checamos entendimentos constantemente.
  • Tentamos convencer o outro a concordar ou pensar como a gente.
  • Lutamos por um consenso, pela concordância e não aceitamos que o entendimento nunca é completo.
  • Perguntamos para atingir uma resposta esperada, ou conduzimos para tal.
  • Não sentimos o valor do outro como igual, como alguém que possa nos gerar algo a aprender.
  • Agimos sem perceber ou escolher com qual Personagem Interno estamos suplementando a interação.

 

Praticando diálogos

  • Esteja presente. Converse inicialmente sobre expectativas, criando um ambiente para que o diálogo possa acontecer. Garantindo que nele participaram múltiplas vozes de cada.
  • Busque colaboração.
  • Faça convites com genuína intenção de aprendizagem e respeito mútuo pelo conhecimento e pela perspectiva do outro, para gerar novos significados, perspectivas e ações.
  • Escute, ouça e fale com respeito. Respeito é uma atividade relacional, não uma característica individual interna. É ter e mostrar consideração pelo valor do outro.
  • Escute, ouça e fale como um Aprendiz.
  • Seja genuinamente curioso sobre o outro.  Você precisa acreditar sinceramente que pode aprender algo com ele.
  • Escute, ouça e fale para aprender.
  • Entender não tem fim. Questione o que você pensa que talvez saiba. Achar que conhece o outro pode impedir de aprender sobre o outro e simplificar  a complexidade do outro.
  • Escute, ouça e fale com calma e cuidado.
  • Pausas são importantes. Dê-se um tempo antes de falar.
  • Dê à outra pessoa tempo para pensar sobre aquilo que  ela quer falar e como falar.

  

Acredito que mudanças na forma de falar podem criar novas formas de vida, facilitar as relações cotidianas e mudar a maneira como as pessoas se relacionam rotineiramente, como seres dignos de respeito mútuo, produto e produtores de um mundo mais solidário.

Acredito que as realidades sociais são socialmente construídas e que a voz no processo de construção deve ser garantida a todos.

Dialogar é uma prática pacifista!

Telma Lenzi | 24 de Maio 2020

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