Diálogos – Uma prática pacifista

Convites ao diálogo:

O mundo, o meu mundo o seu mundo, se constrói e reconstrói  através dos diálogos, das trocas. Somos seres sociais.

Nosso nível de desenvolvimento  só se deu porque sempre nos unimos em tribos, em trocas para vencer os grandes desafios.

Diálogos acontecem externamente, publicamente em cada relacionamento de troca que nos torna.

Da mesma forma que diálogos continuam em nossas vidas internas, com nossos Personagens Internos nos momentos que cessamos a externalização das conversações e elas seguem no privado do nosso self.

Diálogos nunca cessam. Somente fazem pausas, mudam de interlocutores. Tornam-se públicos ou privados em uma contínua música.

Mobilizam estados e emoções e, transformam estados e emoções.

Geram reflexão, angústia, pressão, ampliação, transformação, bem estar, esperança, paz.

 

Dentre outros, trago dois fatores que importam na qualidade dos diálogos:

  • Nossa responsividade, capacidade de responder de maneira útil e geradora de novos significados para seguirmos adiante em trocas produtivas.
  • Nossa suplementação ao que escutamos do outro, que significamos internamente ao ouvir do outro. Aqui podemos agir pelo impulso da mobilização causada, ou pelo tempo interno que nos damos ao refletir uma emoção que a fala do outro nos causa, nos responsabilizando por ela.

 Este desafio está posto exatamente ai, na linguagem dessas trocas, nas formas preferenciais de estar com o outro.

Qual a sua escolha, sua filosofia de vida, seu tom em uma conversa?

Os tipos de conversa que temos uns com os outros nos falam muito da relação que temos com o outro.

Dialogar é uma busca colaborativa por entender a outra pessoa a partir da sua perspectiva e não da nossa.

Diálogo é uma forma de comunicação na qual falamos com o outro (em voz alta) e, num contínuo, com nós mesmos (internamente com os Personagens Internos), buscando novos significados para seguirmos adiante.

Os diálogos estão carregados de presente, passado e futuro. Carregados com a nossa história  pessoal.

Quanto mais nos conhecemos mais conseguiremos estar presente nos diálogos. E quanto mais estivermos em diálogos mais nos conheceremos.

 

Diferenciando diálogos de discussão e embates 

 

DISCUSSÃO/DEBATE

 

 

   DIÁLOGOS

 

Fecha questões    Abre questões
Convence    Mostra
Demarca posições    Estabelece relações
Defende ideias    Compartilha ideias
Ensina    Compreende
Domina x Submete-se    Colaboração
Examina as partes em separado    Vê as relações entre partes e o todo
Define a ideia que vence    Todos ganham
Descarta as ideias vencidas    Revela a pluralidade das idéias
Faz acordos    Faz emergir novos significados

 

Não estamos em diálogos quando: 

  • Estamos fechado para ouvir diferenças, questionamentos ou discordâncias.
  • Achamos que já sabemos do outro e antecipamos suas respostas, ou pressupomos o que esteja por trás delas.
  • Entendemos o outro através de nossa perspectiva e não da perspectiva dele.
  • Não checamos entendimentos constantemente.
  • Tentamos convencer o outro a concordar ou pensar como a gente.
  • Lutamos por um consenso, pela concordância e não aceitamos que o entendimento nunca é completo.
  • Perguntamos para atingir uma resposta esperada, ou conduzimos para tal.
  • Não sentimos o valor do outro como igual, como alguém que possa nos gerar algo a aprender.
  • Agimos sem perceber ou escolher com qual Personagem Interno estamos suplementando a interação.

 

Praticando diálogos

  • Esteja presente. Converse inicialmente sobre expectativas, criando um ambiente para que o diálogo possa acontecer. Garantindo que nele participaram múltiplas vozes de cada.
  • Busque colaboração.
  • Faça convites com genuína intenção de aprendizagem e respeito mútuo pelo conhecimento e pela perspectiva do outro, para gerar novos significados, perspectivas e ações.
  • Escute, ouça e fale com respeito. Respeito é uma atividade relacional, não uma característica individual interna. É ter e mostrar consideração pelo valor do outro.
  • Escute, ouça e fale como um Aprendiz.
  • Seja genuinamente curioso sobre o outro.  Você precisa acreditar sinceramente que pode aprender algo com ele.
  • Escute, ouça e fale para aprender.
  • Entender não tem fim. Questione o que você pensa que talvez saiba. Achar que conhece o outro pode impedir de aprender sobre o outro e simplificar  a complexidade do outro.
  • Escute, ouça e fale com calma e cuidado.
  • Pausas são importantes. Dê-se um tempo antes de falar.
  • Dê à outra pessoa tempo para pensar sobre aquilo que  ela quer falar e como falar.

  

Acredito que mudanças na forma de falar podem criar novas formas de vida, facilitar as relações cotidianas e mudar a maneira como as pessoas se relacionam rotineiramente, como seres dignos de respeito mútuo, produto e produtores de um mundo mais solidário.

Acredito que as realidades sociais são socialmente construídas e que a voz no processo de construção deve ser garantida a todos.

Dialogar é uma prática pacifista!

Telma Lenzi | 24 de Maio 2020

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Ação Política – Como podemos transformar o mundo através de nossas ações cotidianas

Toda ação que realizamos no mundo é de alguma forma, uma ação política. Ela defende um ideal, tem um background e valores implícitos. Ela demarca a nossa filosofia e a nossa direção. Direciona nosso olhar e nossas escolhas para consigo mesmo, o outro, o mundo. E pode gerar esperança.

 

Gostaria de apresentar a minha filosofia e seus norteadores, fundamentos de minhas ações no mundo, minha forma de pensar, refletir, agir e escrever. Elas atravessam minhas escolhas de palavras, meus convites para reflexão.

Envolvem tanto minha vida pessoal como profissional, sem distinção. Elas são as Práticas Colaborativas Dialógicas.

Essas práticas partilham de uma base comum de uma crescente comunidade internacional de estudos fundamentados em pressupostos derivados de teorias pós-modernas, construcionistas sociais e dialógicas. São chamadas práticas pós modernas, conversacionais, dialógicas e discursivas.

 

O que são as Práticas Colaborativas?

Envolvem uma postura filosófica para o relacionar-se e os relacionamentos.

  • Estar com o outro e não para o outro, pelo outro ou sobre o outro. Uma atitude, uma maneira, um tom que comunica as pessoas a importância delas pra mim.
  • As pessoas são seres humanos únicos e não uma categoria, e serão reconhecidas e apreciadas.
  • As pessoas tem algo a dizer que sempre vale a pena ser ouvido. Esta postura convida e encoraja as relações igualitária.

 

Alguns norteadores

  • Colaboração: importância de dar voz a todos. Desta forma, reforçamos a importância da democracia, da justiça social e dos direitos humanos.
  • Relações Igualitárias: gentileza, afeto, interesse genuíno na singularidade do outro.
  • Não as generalizações: somos todos singulares. Da mesmas forma, as soluções para os problemas humanos também o são.
  • Ceticismo:  verdades são construções sociais. Caberá aqui sempre a pergunta: a quem interessa tal verdade?
  • Respeito ao conhecimento local: validação do saber do outro sobre sua realidade.
  • Diálogos: convite a estarmos sempre em postura dialógica, tanto externa como privada, nos diálogos internos.
  • Self Dialógico: auditório de Personagens Internos definindo itinerários de nossas ações no mundo.
  • Feminismo Colaborativo: um convite para diálogos colaborativos entre homens e mulheres para a desconstrução do modelo machista patriarcal vigente.

 

Esta filosofia sustenta em mim a Esperança de que podemos ser a mudança que queremos ver no mundo.

Acredito que podemos gerar uma grande revolução, uma subversão de dentro do sistema.

Chamamos essa ação de Micro Práticas Transformadoras.

Quando não quereremos ou não podemos mudar o sistema de cima pra baixo, podemos agir desde dentro, no cotidiano das relações. Toda pessoa em suas práticas cotidianas pode iniciar uma diferença. Todos nós podemos transformar o mundo pelas conversas um a um, em diálogos respeitosos.

Podemos abandonar a ideia do individualismo e aumentar nosso cuidado com nossos relacionamentos e nossa comunidade através de práticas dialógicas respeitosas, de colaboração e respeito pelas singularidades de cada um.

Somos todos interligados no coletivo e teremos força de transformação quando contribuirmos para o bem-estar do processo relacional, que inicia e se propaga no um a um.

Eu acredito e me dedico a este caminho das micro práticas transformadoras.

O caminho de conversa em conversa, de reflexão em reflexão,  inspirando pessoas a fazerem a diferença e também a inspirar outras pessoas.

 

Telma Lenzi | 23 Maio 2020

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Vício alimentar – Atualizando crenças limitadoras sobre alimentação

Uma das lembranças boas da infância era tirar o miolo da ponta do baguete, encher de açúcar branco e saborear como um sorvete. E, nessa mistura de afetos, experiências e alimentação, o doce sempre esteve presente como um presente, uma recompensa na minha trajetória. Pelo menos eu o significava assim.

 

Cada qual viveu sua história e seu significados. Cada um guarda em si, retratos, memórias, tradições e signos que transformam o ato de se alimentar em uma coordenação complexa, íntima e singular.

Dificilmente comemos para nutrir o corpo em suas necessidades e só. Buscamos nutrir também emoções. Buscamos manter nossos padrões e identidades historicamente construídas.

Quilos a mais, quilos a menos.

Não validamos as vozes da ditadura do corpo perfeito. Interessa a quem essa verdade cultural tão propagada?

Longe de um padrão medido por uma tabela que não inclui singularidades, o seu peso ideal, o seu corpo ideal, os seu contornos ideais precisam ser ditados por você.

Vou compartilhar como reconstrui a minha relação com o meu Vício Alimentar.

Ao longo dos últimos 20 anos, acumulei perto de 20 quilos.

“Ah! Isso é normal. Todos ganham peso na maturidade! Difícil perder peso depois de uma certa idade!”

Essas falas não faziam sentido pra mim. O que fazia sentido é que eu não me reconhecia em meu contorno de então. Eu queria entender melhor a minha forma de me alimentar. Tinha algo que me intrigava e fui atrás de mim. 

O que fez sentido para mim:

  • Auto conhecimento
  • Conhecimento
  • Comunidade onde sustento minhas identidades

Comia na correria, na rua, sem muita consciência e qualidade e sabia que precisava mudar. Mas não sabia por onde.

Iniciei pelas compras de produtos de melhor qualidade, quando possível orgânicos, meu primeiro auto cuidado.

Mas não sabia e não gostava de cozinhar. Minha cozinha não me convidava a estar nela. Era o último cômodo do apartamento, virada de costa para tudo.

Arrisquei uma reforma sem muito saber se ajudaria a mudar meus hábitos ou se ficaria de enfeite. Ajudou.

Cozinhar de frente pra sala, olhando o mar ou o por do sol é sempre muito prazeroso.

Fiz um curso de culinária, que mexeu de dentro, revirou crenças e reforçou o auto amor no nutrir-se.

Comecei a frequentar mensalmente uma nutricionista buscando conhecimento. Este compromisso me manteve comprometida comigo, com o meu propósito.

Conhecimento do meu funcionamento metabólico e o que o meu corpo precisava. E conhecimento prático de produtos, ingredientes, receitas, suplementos, atividade física.

Pecinhas que foram montando um quebra cabeça abandonado. Meu olhar estava profundamente atento a mim, meus sentimentos e vontades, meus progressos em relação ao tema alimentar-se bem e consciente.

Mas o doce era a minha armadilha.

Difícil de abrir mão tinha um apelo forte de recompensa, satisfação alta e uma história presente em toda a vida.

Meu significado mais útil, até então, era que me recompensava pelo excesso de trabalho,  pelo cansaço.

Quando estava cansada eu comia alguma coisa doce ao invés de ir descansar.

Tentei descansar mais, trabalhar menos, mas não é assim simples, porque envolve outra rede complexa, a satisfação que tenho no trabalho.

Trabalhar muito é dignificante (crença pessoal).

Então comer um docinho, muitos docinhos para recompensar era internamente muito bem tolerado, em meus acordos e diálogos internos.

Tinha coerências antagônicas, e a compreensão não era suficiente para desestabilizar a matriz que gerou o significado dos excessos de doces. Em outras palavras, entendia mas nada mudava.

Um dia em aula, comentei com uma estudante o meu prazer com os doces e o mecanismo de compensação para o meu cansaço. Ao expressar o comentário utilizei, sem querer, a palavra Vício ao invés de Recompensa. E ao me escutar, abri um outro itinerário interno, um outro significado e compreensão, uma outra paisagem interna. 

Ah! A linguagem não é inocente. As palavras tem poder!

A linguagem nos prende e nos liberta. Somos nos limite da nossa linguagem!

Contei para mim que usava o açúcar como vício para sustentar minha rotina de vida. Sim, um vício. Tão sério como o alcoolismo, vindo do mesmo lugar: da cana-de-açúcar. Esta linguagem mudou tudo.

Ter sobrecarga de trabalho é dignificante. Ter um vício é desonroso.  Falou meu General Interno.

Concordei e senti a força da mudança de significado interno em mim.

E mudou minha relação com o doce. Agora posso saboreá-lo com moderação,  pelo prazer e não pelo excesso do vício.

Mudou tudo.

Minha alimentação, minha forma de descansar, meu peso, meu corpo, sem fórmula mágica, com novos significados internos. Dentro de um processo de recompor cada importante peça que fazia sentido para mim.

Queria finalizar reforçando a importância da comunidade.

Nossos diálogos internos saturam se não temos com quem trocar. Algumas vezes só precisamos de alguém que nos escute para podermos escutar a nós mesmos. Precisamos de pessoas para conversar que validam nossas identidades construindo juntos novas verdades mais úteis.

Não conseguiremos implementar mudanças significativas em nossas vidas se o contexto em que vivemos não suplementar nossas ações.

Eu agradeço a todos que fizeram parte dessa reconstrução de mim.

E você? Falar de mim sobre esse tema, chega até aí? Qual a sua relação com a alimentação?

Se tem algo que lhe incomoda sobre alimentar-se busque suas histórias. Busque o seu conhecimento sobre você.

Essa é uma jornada bem pessoal para transformar, dissolver ou reconstruir uma coordenação entre o alimento e os afetos que o envolve.

Não existe um certo caminho a seguir. Não existe generalizações porque somos únicos.

Posso falar de um caminho, o meu caminho e minha intenção é somente inspirar você a procurar o seu.

O final de cada episódio de superação vale todo o processo de buscar-se.

 

Telma Lenzi | 23 maio 2020

 

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Desconstruindo o Dia das Mães

Impossível se encaixar neste estereótipo da mãe do Dia das Mães. Quem é essa mãe que se encaixa no “padecer no paraíso”, no “doar sem ter pra dar”, no “abdicar de seus planos”, no “amar sem condicionar nada”?

Quem é essa mulher que não se queixa de cansaço, exaustão, depressão e ainda consegue sorrir na foto?

Nasceu pra ser mãe. ”

E o que ela vai fazer do direito a ter a própria vida?
Os filhos vem em primeiro lugar. ”

Em que ordem de cuidado ela fica?

O que é o dia das mães que não algo comercial, uma prerrogativa do nosso sistema capitalista patriarcal e machista? Colocam a mulher neste papel impossível de sobrecarga, vendem com isso e submetem as mulheres a caber na caixa.

Toda irrealidade vendida como possibilidade causa danos.
Toda manipulação tem uma intenção política.

 

E assim seguem as mulheres mães se nutrindo de culpa, se sentindo imperfeitas. Tão fácil manipular através do medo e da culpa.

 

Cenário pós dia das mães: escutei muitas falas de dor, restos de mal estar, sentimentos confusos, tristeza…

  • Muitas mães suficientemente boas não se valorizando.
  • Muitas mães que perderam filhos ou que ainda não conseguiram ter, se sentindo incompletas.
  • Muitos filhos e filhas sem mãe não tendo onde ancorar a sua dor no meio da comemoração.

E os filhos de mães tóxicas, violentas e abandonadoras oriundas de cenários emocionais igualmente frágeis, o que fazem no dia das mães?
Presenteiam, agradecem, retomam contato, negam suas dores?

E as mães tóxicas que ainda não se deram conta do estrago relacional e esperam, cobram e celebram esses dias, salpicando gotas de culpa ao invés de reparação?

A propaganda induz a dores neste dia. Bem nós, já fragilizados pela pandemia.

A realidade é que não existe a mãe da propaganda. Existe somente a mãe possível que cada uma de nós pode ser.

Cabe a mim, a você, a cada um mudar essa realidade.

Dia das mães, das mulheres, é todo dia.

 

Telma Lenzi | Maio 2020

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O medo

Ele apareceu a noite. Porque nas madrugadas todos os nossos barulhos tendem a criam formas, o que não foi falado grita, o que fingimos não ver, diz: – ‘Oi, to aqui’! Ele colocou algo em volta do meu abdômen, apertou forte e puxou. Acordei com um sobressalto e só via o escuro, o nada, o pior cenário: vazio, interrupção de tudo o que amo na vida, ausência de sentido.

Respiro fundo, situo onde estou. Respiro de novo e vou reconhecendo as poucos essa sensação. Percebo sua presença. É ele, meu Personagem Interno MEDO.

Poxa. Podia ter pedido espaço mais gentilmente, sem tanto estardalhaço. Penso já respirando mais aliviada. Mas tem coerência. Não tive tempo nem qualidade pra conversar com ele nos últimos dias, então ele chegou gritando assim.

Este é o meu medo.

Eu o conheço bem e tenho gratidão pelo seu papel de protetor. Só quando não é escutado é que vira autoritário, trágico, carente de atenção, demandante de ser acalmado com bons argumentos.

Sentei para escutá-lo as 4 da manhã e ouvi a lista de riscos, elementos criadores deste pior cenário de escuridão. Chamei outras vozes internas para dialogar com ele no meu self: a coragem, que está sempre junto do medo, a acolhedora, a reflexiva, a gentil, a esperança. E seguimos em diálogos internos.

A cada risco levantado, refletia sobre possibilidades alternativas que poderia fazer ou até que já estava fazendo. A cada aflição mostrava pontos desapercebidos de possibilidades que aumentavam minha fé e tranquilidade. Diante do cenário de imprevisibilidade que estamos vivendo, conversamos sobre as dores das pessoas e como criar mecanismos online para continuar ajudando. Reforçamos a esperança em um mundo pós-pandemia mais solidário, menos individualista. Ideias novas, lembranças, pontinhos de luz, foram recompondo aquele cenário inicial vazio em futuros possíveis mais úteis, embalado na tão necessária ilusão do seguir adiante. Ele o medo, se tranquilizou e me devolveu o sono interrompido.

Esse é o meu medo, esse é o pior cenário que ele me apresenta nesse contexto da pandemia. E apresentei a vocês, resumidamente um (o meu) itinerário de lidar com ele e transformar cenários internos.

E com você? Como o seu medo se apresenta? Ele chega assim interrompendo a madrugada? Ou lhe acompanha durante todo o dia? Ele rouba a paz, a criatividade, produtividade, sua percepção de desempenho? Ou ele vem disfarçado de procrastinação?

Ah! O medo pode roubar sonhos, vida, projetos de bem estar e criar caminhos de se auto realizar.

Se você tem muito medo de ficar doente, essa tensão pode baixar a imunidade e gerar adoecimento.
Se tem muito medo de fracassar ou perder algo, a tensão gerada pode prejudicar o discernimento da atitude correta e consequentemente seu desempenho.

Você aceita o convite de criar intimidade com o seu medo?

Reconheça-o como uma voz interna sua, um Personagem Interno.
Perceba qual o pior cenário que ele apresenta e suas consequências mais desastrosas.
Invista em conversas internas para um enfrentamento gentil do medo que ajudem a dissolver a tensão gerada por ele, questionando e refazendo esse cenário negativo colocando aspectos positivos reais e de possibilidades futuras.

Cada um é único e singular. Cada um traz para essa crise da pandemia, sua história pessoal, seus recursos, resiliência, assim como suas dívidas consigo mesmo, pendências, lentidões e velhos e conhecidos medos que insistem em aumentar seus volumes internos bem agora. Nesse momento, temos muito pouco poder no mundo externo. Então o convite é olhar para o Mundo Interno, suas vozes, seus pensamentos em diálogos, suas emoções.

Mantenha seu medo como coadjuvante. Chame para o protagonismos desse momento já tão difícil, vozes que sejam acolhedoras com você..

O mundo novo vai precisar muito de cada um de nós. Por isso cuide primeiro de você, depois do outro. Nos lembra a metáfora da máscara de oxigênio.

Se correr o bicho pega
Se ficar o bicho come
Se enfrentar o bicho some

Telma Lenzi
Abril /2020

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A resiliência

Fica, fica tudo bem…

Dia pesado, dia triste. Porque esfriou, porque é dia de lua cheia e intensifica as emoções?

Porque estamos aqui no dia 20 da quarentena que simbolicamente significa a metade do tempo de isolamento? Mas ninguém sabe ao certo o que virá.

A melhor amiga quebrou, teve crise de pânico as 7 da manhã, os clientes não estão bem e a equipe tá sofrendo com tanto sofrimento. E eu, e nós como estamos?

Olho pela janela e nem me indigno mais com as pessoas que continuam lá caminhando em pares, jogando bola, seguindo numa perversa normalidade.

Aqui, isolada criei uma rotina e sigo. O que me faz seguir? Quem no meu mundo interno, dos meus Personagens, me faz seguir? Escuto o General falando: “Estamos em guerra. Sigamos”.

Mas também escuto: estamos cansados. Estamos tristes e estamos com medo também.

Com direito a todas as vozes da coragem ao medo vou criando meu itinerário nesse momento. Penso na palavra RESILIÊNCIA… Lembro que me pediram pra falar mais sobre isso nesse momento. Ok!

Resiliência é a capacidade de se adaptar ao que a vida oferece em forma de problema. Superar crises. Segurar a pressão e se posicionar frente a ela de tal forma que seja possível sobreviver emocionalmente.

Adaptação é aquilo que buscamos, mas o caminho para tal, o itinerário, é singular.

Uns tem formas já vividas de seguir em frente. Alguns estão aprendendo agora.

Resiliência são nossas experiências e possibilidades.
Resiliência são nossos recursos internos.
Recursos internos são nossas vozes internas.

Quem nos acompanha em nossos diálogos internos? Quais vozes internas temos como recursos em momentos de crise e mal estar? Quem podemos convidar para aliviar momentos de monólogos internos ou tensão interna extrema? O quanto estamos familiarizado com nossos diálogos internos a ponto de garantir colaboração entre as vozes?

E eu sigo aqui com minha Personagem escritora que aparece e acolhe a minha dor. Ela me diz: –“Não há problema vivenciar emoções ruins. Todos temos esse direito. Senti-las, acolhe-las e lembrar que momentos bons vem e vão. Assim como momentos ruins vem e vão”.

Eu aceito a minha humanidade. Eu agradeço os meus recursos.

E o por do sol se repete lindo.

Amanhã será outro dia…

Telma Lenzi
Abril /2020

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ISOLAMENTO SOCIAL I : DESMISTIFICANDO A TERAPIA ON LINE

O isolamento chegou brusco, disruptivo. Nos primeiros dias foquei em arrumar a casa profissional, casa da ONG e da Clínica.

Vamos parar tudo. Suspender os atendimentos gratuitos em grupo foi muito difícil, mas era pelo bem do coletivo. Mais de 300 atendimentos presenciais interrompidos e uma equipe de 35 pessoas, terapeutas e colaboradores, para mandar pras suas casas. Inclusive eu.

Sim. Me mandei ir embora, ir pra casa. Fechar as portas da nossa sede e proteger rapidamente a todos.

Depois foi a vez de olhar pra minha casa e organizar minha quarentena. Fui pro supermercado às 22 hs me abastecer do mínimo e senti o baque do vazio nas ruas, do shopping fechado e das distâncias entre as pessoas. Que difícil pra mim que gosto tanto do abraço, do olho no olho transbordando emoção e do simplesmente sentir a energia do outro conversando no silêncio com meus afetos.

Muitas reuniões do Conselho. Muitas conversas difíceis.

Medo da saúde de todos ameaçada. Medo do financeiro atingindo em mais de 80% o nosso trabalho.

Minha aflição individual, antagonicamente, conversava internamente com o pensamento coletivo e com a esperança. Algo nunca vivido e que se apresentava como um possibilidade de mudar paradigmas e a forma de estarmos em relação com as pessoas.

Está posto: a saúde é pública.

O meu bem estar ou mal estar afeta o outro e vice versa. Muitos entenderão e muitos se debaterão em um egoísmo, individualismo prejudicial a si e ao outro. E para alguns, essa ficha pode demorar pra cair.

Neste contexto foi se criando uma rotina das trocas online. Reuniões profissionais, entrevistas, conversas entre amigos, familiares e os pedidos de terapia online. Como não interromper os processos dos meus clientes? Isso muito me afligia.

A modalidade de terapia online seria a única forma de eu continuar meu trabalho e meu sustento. Mas isso pra mim não era argumento suficiente. Tinha sofrimento de fazer o laptop mac e o PC Windows funcionar. Que dois mundos diferentes!

Baixar os aplicativos Skype, Zoom, Teans, tantas possibilidades que não tinha conhecimento anterior algum. Com o agravante de não poder pedir auxílio técnico como sempre fazia. Alguém vinha e fazia tudo funcionar. Agora é tudo diferente. Sou só eu por mim. Estamos em isolamento.

Fui aceitando ajuda online e – com bastante desgaste – me dispondo a experimentar. E essa está sendo a maior experiência de desconstrução até aqui. Comecei a atender timidamente, com os recursos tecnológicos engasgando para arrancar, mas fui.

Fui e senti a conexão. Senti sentimento circulando. Senti a emoção e o afeto com meus clientes que sou tão envolvida. Senti as possibilidades dos diálogos transformando aflições, sofrimentos em recursos, construindo outros itinerários internos e externos. Vi preencher com vínculo de escuta e confiança, as solidões dos isolamentos físicos de quem experimentava estar só consigo mesmo. Às vezes tão maravilhoso. Outras vezes tão ameaçador.

Desarmamos juntos bombas prontas pra explodir nos confinamentos das relações de casais e famílias. Assim como presenciei casais aproveitando como um presente esse momento de dedicação a seus filhos e a suas relações, resignificando rotinas familiares.

Viver a aventura online de estar com clientes de outras cidades, de outros países, foi indizível. Conheci a intimidade das casas reais deles, não só emocionais, assim como eles a minha casa. Que oportunidade. Que quebra de paradigma.

A possibilidade de não ter lindos processos terapêuticos interrompidos pela questão da pandemia se apresentou pra mim e eu me dispus. Precisei viver a conexão emocional a partir do recurso da conexão virtual, para validar essa aprendizagem.

Assim como eu questionava a qualidade dos atendimentos online imagino que você também pode estar se perguntando se é válida a experiência. E a resposta é: experimenta!

Nosso maior inimigo no momento está invisível por aí, contaminando mais e mais pessoas ao redor do mundo todo. E contextos de insegurança tem o poder de afetar nossa saúde mental. Não permita!

Todos perderemos algo. A diferença é que alguns sofrerão mais e outros menos. E a terapia online é uma oportunidade para que a gente reflita sobre os aprendizados que podemos ter com toda essa calamidade.

Por favor, cuide de si! Você estando bem, afeta positivamente seus vínculos. E lembre-se: máscaras de oxigênio primeiro se colocam em si, depois nos outros.
Mantenha seus processos de terapia. Eles lhes eram úteis. Só mude a modalidade.

Você não fazia terapia? Então agora é preciso.

Inicie um processo de terapia online se você sente algum sofrimento emocional nesse momento de tensão pelo isolamento. Desde pequenos pensamentos de medo e angústia que falam baixinho nos diálogos internos até sensações corporais de sobrecarga. Não é hora de baixar a imunidade.
Continuar seus processos terapêuticos na modalidade online, além de ser muito bom tanto para você, colabora também para que os profissionais não percam a sua renda.

A terapia é uma grande aliada em diferentes momentos de nossas vidas e agora mais do que sempre se apresenta como um grande instrumento de saúde.
O mundo estaria só, em um silêncio devastador sem a internet e as várias maneiras de estarmos interligados.

E eu agradeço a tecnologia.

Estou esperando você aqui, no espaço online.

Telma Lenzi
Marco/2020

 

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ISOLAMENTO SOCIAL II: VIVENDO A PANDEMIA

Vamos continuar todos em casa?

#ficaemcasa, se você puder.

Em tempos de Coronavírus, o que mais vemos nas redes sociais são tentativas de criar uma ordem no caos, uma lista de ações para conter a ansiedade, itens organizadores do desorganizado e desconstruído cotidiano atual. Porém, não há modelo, regras, manual de dicas básicas, orientações mínimas sobre algo assim.

Em quais experiências nos baseamos?

Nos astronautas em seus isolamentos? Ou no confinamento dos Big Brothers? Lá não tem filhos, diria uma cliente às voltas com os filhos pequenos confinados em um apartamento.

O período de quarentena pode desencadear um estado emocional ruim, além do medo de contrair a doença, e as perdas financeiras. O sofrimento emocional, esse efeito colateral da pandemia que vivemos, tem que ser considerado e receber sua atenção, nossa atenção e a atenção da saúde pública. Em cada lar um contexto, uma realidade.

Alguns estão sós, criando intimidade consigo mesmo. Algo que pode variar entre ser surpreendentemente belo ou de uma angústia infinita.

Outros estão convivendo 24 h por dia em casal ou em família, com filhos pequenos ou filhos grandes com suas autonomias restritas. Uma oportunidade de reconexão, uma experiência de amor ou estímulo para rupturas e mágoas mais profundas.

Como viveremos essa experiência?

Somos todos tão únicos e singulares vivendo algo nunca antes vivido. Necessitamos compartilhar nossas experiências tão pessoais de sucesso e insucesso uns com os outros e juntos ampliarmos ideias e solidariedade.

Precisamos ser escutados em nossas singularidades, em nossas emoções tão íntimas e guardadas. Nesses momento onde todos sofrem, muitas vezes não nos permitimos expressá-las.

Isolamento não é o forte dos seres humanos. Somos seres sociais.

Nosso nível de desenvolvimento só se deu porque sempre nos unimos em tribos para vencer os grandes desafios.

Com o isolamento social as boas conversas presenciais ficam impedidas. As conversas íntimas com familiares podem ser insuficientes para acalmar a inundação de emoções, os diálogos internos podem ficar saturadas e gerar um agravante: O ISOLAMENTO EMOCIONAL.

Precisamos proteger a nossa saúde mental.

  • Você conhece o seu Self, os seus Personagens Internos?
  • O quanto o Personagem MEDO está presente nos seus pensamentos, decisões e ações nesse momento de incertezas?
  • Você está com atenção focada nas menores mudanças do seu corpo, medo das pessoas ou de sair de casa, não conseguindo fazer suas atividades?

O medo de ficar doente é um obstáculo à própria saúde mental, sabota a nossa resiliência e criatividade, faz a gente perder a conexão com a realidade gerando confusão e mal estar físico e mental.

A preocupação excessiva nos desprotege e o medo se auto cumpre.

Você tem com quem refletir sobre esses gatilhos? A TERAPIA NA MODALIDADE ONLINE aparece como uma resposta a essa necessidade em tempo de quarentena.

Não tem a conexão do olho no olho, não tem abraço. Mas tem escuta e reflexão qualificadas. Tem o tempo precioso que terapeuta e clientes juntos dedicam a buscar novos caminhos, recursos e possibilidades para que o isolamento social não se instale em você, para que o Medo não invada e tome o protagonismo da sua vida e de seus relacionamento. Você estando emocionalmente bem, consequentemente todos as suas relações se beneficiarão.

Não abra mão de investir em sua saúde mental. Ela tem um papel fundamental na manutenção da sua saúde física.

TELMA LENZI | MARÇO 2020

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ISOLAMENTO SOCIAL III : O TEMPO

Estamos todos em casa?

#ficaemcasa, se puder.

Podemos compartilhar como estamos lidando com o TEMPO?

Passamos os primeiros dias de caos: fechar a ONG e a Cínica Particular, redirecionar os atendimentos para online, traçar o planejamento das próximas semanas, olhar os números e sentir o stress do financeiro e agora acompanhar o andamento das nossas decisões e das decisões dos nosso governantes.

Então veio o segundo momento. Encarar ele: o Tempo.

Nunca tinha experimentado essa sensação de “ter todo o tempo do mundo e fazer o que quiser com ele”.

Claro que tem ruídos grandes nessa experiência: o medo do coronavírus, a pressão financeira e o fato de estar 24 h por dia só comigo mesma na minha casa. Eu e a Kin, minha gata.

O que fazemos do tempo e o que ele faz conosco?
Como matamos o tempo?

Não tenho tempo!! Muitas vezes usei essa frase de desculpas para coisas que não queria fazer, não queria assumir, não tinha decisão clara a respeito, ou simplesmente procrastinava por preguiça emocional.

Agora tenho tempo e como está sendo?

No começo se apresentou a Personagem Deusa do Caos: quebrar a agenda e todos os compromisso. Não ter hora nem obrigação, nada. Comer ou não. Dormir ou não. Exercitar ou não. Falar ou não falar com os outros. Mas tanto caos (liberdade) cansa também.

E nos meus diálogos internos veio a amorosa Personagem Deusa da Ordem: ordem em casa sem a Bety, ordem no self com meditação, ordem nos Personagens Internos com as trocas externas (vou falar mais disso no próximo post).

A conversa interna gentil foi mais ou menos assim: temos tempo. Todo o tempo. E agora? Como aproveitar esse tempo em casa?

Vieram várias ideias e velhas vontades. Velhas pendências postas em prioridades com motivação e prazer.

Ah? Quero muitas coisas. Muitas delas antagônicas. Às vezes ao mesmo tempo. Às vezes não cabem na rotina. Mas eu quero mais.

Sim, todos temos uma multiplicidade de Personagens Internos com suas demandas.

Então minha aprendizagem atual é:

O QUÊ DE TANTO QUE QUERO, CABE NAS ESCOLHAS DA VIDA QUE DESEJO VIVER?

E assim começo a me despedir de alguns velhos hábitos, crenças e expectativas. Será o inicio de uma grande mudança?

Porque ninguém passará imune a isso tudo. Não seremos mais os mesmos depois dessa experiência de quarentena. E essa experiência será o que fizermos dela.

Podemos renascer com o tempo e não mais matar o tempo.

As coisas essenciais da vida vão se destacando em sua importância e assim nos transformamos.

Quais novos Personagens ganham protagonismo?

Percebo em mim que minhas Personagens Escritora e a  Ativista Social vem ganhando mais espaço e voz. Eu gosto delas!

Podemos ter a vida que queremos ter depois desta quarentena.

Inicie a escolha da sua agora!

 

TELMA LENZI | MARÇO 2020

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Dia da Mulher. Somos Todos, Todas Feministas

 

Vamos modificar a pergunta: por que você, mulher, diz que não é feminista?

 

Reflita se você se percebe em algumas dessas situações:

  • Você pode votar e ser votada.
  • Você pode escolher se quer casar ou não e com quem se casar.
  • Você pode evitar gravidez indesejada através de anticoncepcional, DIU, camisinha feminina, etc.
  • Você considera dever dos homens assumir a paternidade de um filho, não deixando toda a responsabilidade da gravidez com a mulher.
  • Você acredita que as tarefas domésticas devem ser divididas com quem mora junto em uma casa de maneira igualitária, sejam homens ou mulheres.
  • Você trabalha naquilo que escolheu trabalhar e acredita que toda mulher deveria ter esse direito.
  • Você recebe ou quer receber um salário igual ao de um colega homem que possui as mesmas qualificações e responsabilidades, e acha injusto quando isso não ocorre para você ou outra mulher.
  • Você quer se sentir segura dentro de um taxi/uber de dia e de noite ou caminhando pelas ruas de dia ou de noite, sem se sentir insegura de que nenhum homem irá assediar ou estuprar você, e gostaria que isso acontecesse com todas as mulheres.

Estes foram alguns direitos conquistados a menos de 90 anos por mulheres que nem cada uma de nós que buscamos equidade. E se você é mulher e se vê nesta lista, você é feminista.

A lista segue entre tantas outras coisas que para nós mulheres parece tão normal, mas muitos direitos ainda não estão assegurado.

Você pode estar associando feminismo com posturas, movimentos mais extremos que foram necessários dentro de um contexto social radicalmente patriarcal.
Mas você não precisa ser radical, não precisa criar conflito com os Homens que estão não sua vida, ou na sua comunidade. Precisa só ser Feminista.

Feminismo é um movimento que convida equidade de gênero.

Convida diálogo entre mulheres e homens e busca garantir que mulheres possam existir como mulheres sem sofrer agressões por isso, sem ser oprimidas, sem ganhar menos, sem ter direitos civis cerceados. 

Se não fosse o Movimento Feminista, você ainda estaria se casando sem poder escolher, não teria o direito negar sexo, evitar filhos e trabalhar fora ainda seria um absurdo.

Nossa cultura só chegou onde chegou graças ao feminismo.

Você só tem a liberdade de fazer as escolhas que faz por causa deste movimento.

Feminismo não é o contrario de Machismo.

Machismo mata, agride, oprime, tira direitos das mulheres e obriga homens a negar sua vulnerabilidade, humanidade. Feminismo busca direitos.

E se você é uma mulher feliz, em paz, poderosa, dona de si mesma e das próprias escolhas, e não se convenceu ainda que é Feminista e que deveria ser eternamente grata ao movimento, fica aqui o convite:  Não medir a realidade de outras mulheres com a sua régua e praticar empatia e sororidade.

No Brasil 12 mulheres morrem por dia só porque são Mulheres, por misoginia, feminicídio. A realidade ainda é muito dura para outras mulheres.

O feminismo só existe porque o machismo ainda existe.

No dia que a sociedade estiver livre do machismo, poderemos viver o “humanismo”.

E para colaborar nessa desconstrução precisamos ampliar a conversa, dialogar sobre o tema.

Então… Você é feminista?

Você aceita o convite de olhar o movimento por este ângulo?

 

Telma Lenzi
8 de março de 2020
Dia Internacional da Mulher

 

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