Felicidário: definições práticas de Felicidade

Por acaso você já se perguntou “o que é felicidade?”.

O projeto português chamado ‘Felicidário‘ tem como proposta trazer de modo diário as definições práticas de felicidade que foram dadas por idosos acima de 65 anos. Trazendo temas como “a felicidade é fazer pão” ou “a felicidade é ler o kama sutra“, o calendário que se mescla com a ideia de um dicionário nos leva a refletir o que a felicidade representa para nós mesmos.

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Para você, o que é felicidade?!
Sim… o Venturarte sabe que é um tanto complexo responder a esse questionamento, mas quem sabe aqui você encontra a resposta.

“Se é difícil definir a felicidade aos 20, aos 30 e aos 40, imaginem aos 60 ou aos 70. Foi por isso que nasceu o Felicidário. O “Felicidário” é um calendário e também é uma espécie de dicionário com 365 definições práticas de felicidade. Aos 65, a felicidade é arrumar as botas e fazer crochet, é gozar o dolce fare niente ou fazer aquilo que nunca se fez? Todos os dias, durante um ano, o Felicidário sugere uma nova ideia de felicidade para maiores de 65 anos.”

É essa a definição dada para o projeto batizado “Felicidário” , que já no nome remete duas palavras chaves: felicidade e calendário.

Com a justificativa de que felicidade não tem idade, o projeto português encabeçado pela associação Encontrar+se em parceria com a Lintas, todos os dias apresentará ilustrações e diferentes definições para frases que começam com “A felicidade é…” (sendo que cada definição foi escrita por uma pessoa acima de 65 anos).

Como se não bastasse a brilhante ideia de dar 365 definições práticas, os organizadores do projeto também planejam dar “um outro rumo” à felicidade e, para isso, busca-se ir além das ilustrações para se chegar na esfera das histórias de felicidade que serão contadas pelos mesmos idosos que definiram, em poucas palavras, o que é a felicidade para eles. Considerando que o foco ainda está sendo direcionado para o calendário em si, logo você poderá visitar o site para, além de encontrar a arte visual, se deparar com relatos e crônicas sobre o sentimento que leva o ser humano a alcançar o bem estar e a forma mais pura da alegria.

5 de maio.jpgDefinição dada para o dia 5 de maio

A ideia principal era fazer com que os idosos acima de 65 anos dessem verdadeiras receitas de como ser feliz para outras pessoas que estão nessa faixa etária, mas o projeto ultrapassou limites quando, ao divulgar toda a arte via facebook, conquistou uma outra categoria bem numerosa: os jovens!

Nesse sentido, muitos que estão bem longe de se enquadrarem na ‘melhor idade’, buscam sentir o gostinho da felicidade por meio das definições que são transmitidas diariamente por esse projeto que se alia quase que diretamente ao seu público-alvo.

Os ilustradores envolvidos são:
Afonso Cruz
André Letria e Ricardo Henriques
André da Loba
Aka Corleone
Bernardo Carvalho
Carolina Celas
Irmão Lucia
Júlio Dolbeth
Madalena Matoso
Maria Imaginário
Tiago Albuquerque
Yara Kono

Freud declarou que “A felicidade é um problema individual. Aqui, nenhum conselho é válido. Cada um deve procurar, por si, tornar-se feliz”, mas o felicidário tem tudo pra ser um manual básico de como ser feliz mesmo que esteja dando conselhos, até porque não são conselhos, mas sim definições.

Definições estas que nos fazem refletir: o que nos deixa realmente felizes? É cantar, cozinhar, fazer pão, jantar fora, fazer tricô ou dançar como se ninguém estivesse observando?!

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A busca pela felicidade, segundo até mesmo a Constituição da República Federativa do Brasil, é um direito que pertence a todos os indivíduos… Alguns a definem como algo distante e passageiro, mas a verdade é que mesmo sendo algo breve, a felicidade é um sentimento que pode servir até mesmo como alimento para a alma.

Se você ainda não definiu a felicidade, saiba que isso é perfeitamente normal! Mas para dar um empurrãozinho na inspiração – e na imaginação -, visite o facebook do projeto para ficar a par das definições diárias que foram dadas por idosos que pelo nos momentos que descreveram, se sentem plenamente felizes.

Fonte: artes e ideias por 

Bazar Solidário da ASSIM: participe

Não esqueçam de agendar para a próxima semana uma visita no Bazar da ASSIM.

As doações foram bárbaras! Agora é hora de convidar todo mundo para passar lá.

Na quarta-feira à tarde eu e minha mãe estaremos lá na escala como vendedoras.Quem quiser ajudar será muitíssimo bem vindo.

O Bazar da ASSIM está tão chique que você vai poder escolher por quem quer ser atendido, olhem a escala:

VAMOS ESPALHAR A NOTÍCIA !!!

A ASSIMAssociação Instituto Movimento – entidade que oferece atendimento psicoterapêutico gratuito ou a custo social para pacientes de Florianópolis e região, promove de 24 a 29 de junho o seu Bazar Solidário, que acontece no pátio da Igreja Nossa Senhora da Conceição (Rua Vitor Konder, próximo ao Hippo) no centro de Florianópolis.

Roupas, Calçados, Acessórios, Livros e outros objetos estarão a venda por preços que começam em R$ 2,00.

Visando estimular a visitação, está programada a realização de sorteios entre os visitantes de produtos novos doados por empresas apoiadoras da ASSIM, tais como relógios, cosméticos e bijouterias.

O Bazar Solidário da ASSIM funciona das 10 às 18 horas.

SERVIÇO:

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Curtam e Compartilhem: vamos curtir tanto o PSY quanto nossos direitos!

Em tempos de incontroláveis manifestações públicas, encontrei um post precioso postado pela Psicóloga Karine Göss.

Trata-se de um magnífico vídeo produzido pela United for the Human Rights (www.humanrights.com).

Ele está disponível no You Tube. Já foi visto por 188.968 pessoas e curtido por apenas 2.442 até o exato momento em que este post está sendo redigido.

Só para pensar, o último vídeo do “cantor” Psy, Gentleman, já foi visto 433.422.927 vezes e curtido por 2.443.815 de pessoas.

O mundo seria um lugar muito melhor se os números fossem diferentes. Podemos ter cada um de nos, nossas mais diversas diferenças,  de gostos musicais a anseios universais.

Mas temos um compromisso igual, que cabendo a todos nos a tarefa de divulgar e compartilhar : NOSSOS DIREITOS COMO SERES HUMANOS.

Você conhece a lista dos trinta direitos humanos básicos? Você prtica no seu cotidiano esses direitos?

Assistam ao vídeo. É inspirador.

E vai ajudar você – como ajudou a mim – a compreender melhor o que acontece ao nosso redor.

 

Carta Internacional dos Direitos Humanos

Declaração Universal dos Direitos do Homem *

Adotada e proclamada pela Assembleia Geral na sua Resolução 217A (III) de 10 de Dezembro de 1948.

Publicada no Diário da República, I Série A, n.º 57/78, de 9 de Março de 1978, mediante aviso do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Preâmbulo

Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo;

Considerando que o desconhecimento e o desprezo dos direitos do homem conduziram a atos de barbárie que revoltam a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que os seres humanos sejam livres de falar e de crer, libertos do terror e da miséria, foi proclamado como a mais alta inspiração do homem;

Considerando que é essencial a protecção dos direitos do homem através de um regime de direito, para que o homem não seja compelido, em supremo recurso, à revolta contra a tirania e a opressão;

Considerando que é essencial encorajar o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações;

Considerando que, na Carta, os povos das Nações Unidas proclamam, de novo, a sua fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor da pessoa humana, na igualdade de direitos dos homens e das mulheres e se declararam resolvidos a favorecer o progresso social e a instaurar melhores condições de vida dentro de uma liberdade mais ampla;

Considerando que os Estados membros se comprometeram a promover, em cooperação com a Organização das Nações Unidas, o respeito universal e efetivo dos direitos do homem e das liberdades fundamentais;

Considerando que uma concepção comum destes direitos e liberdades é da mais alta importância para dar plena satisfação a tal compromisso:

A Assembleia Geral

Proclama a presente Declaração Universal dos Direitos do Homem como ideal comum a atingir por todos os povos e todas as nações, a fim de que todos os indivíduos e todos os órgãos da sociedade, tendo-a constantemente no espírito, se esforcem, pelo ensino e pela educação, por desenvolver o respeito desses direitos e liberdades e por promover, por medidas progressivas de ordem nacional e internacional, o seu reconhecimento e a sua aplicação universais e efectivos tanto entre as populações dos próprios Estados membros como entre as dos territórios colocados sob a sua jurisdição.

Artigo 1.º

Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.

Artigo 2.º

Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação.

Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autônomo ou sujeito a alguma limitação de soberania.

Artigo 3.º

Todo o indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Artigo 4.º

Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a escravatura e o trato dos escravos, sob todas as formas, são proibidos.

Artigo 5.º

Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes.

Artigo 6.º

Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento em todos os lugares da sua personalidade jurídica.

Artigo 7.º

Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual proteção da lei. Todos têm direito a proteção igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.

Artigo 8.º

Toda a pessoa tem direito a recurso efetivo para as jurisdições nacionais competentes contra os atos que violem os direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição ou pela lei.

Artigo 9.º

Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado.

Artigo 10.º

Toda a pessoa tem direito, em plena igualdade, a que a sua causa seja equitativa e publicamente julgada por um tribunal independente e imparcial que decida dos seus direitos e obrigações ou das razões de qualquer acusação em matéria penal que contra ela seja deduzida.

Artigo 11.º

1. Toda a pessoa acusada de um ato delituoso presume-se inocente até que a sua culpabilidade fique legalmente provada no decurso de um processo público em que todas as garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas.

2. Ninguém será condenado por ações ou omissões que, no momento da sua prática, não constituíam ato delituoso à face do direito interno ou internacional. Do mesmo modo, não será infligida pena mais grave do que a que era aplicável no momento em que o ato delituoso foi cometido.

Artigo 12.º

Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada, na sua família, no seu domicílio ou na sua correspondência, nem ataques à sua honra e reputação. Contra tais intromissões ou ataques toda a pessoa tem direito a proteção da lei.

Artigo 13.º

1. Toda a pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a sua residência no interior de um Estado.

2. Toda a pessoa tem o direito de abandonar o país em que se encontra, incluindo o seu, e o direito de regressar ao seu país.

Artigo 14.º

1. Toda a pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de beneficiar de asilo em outros países.

2. Este direito não pode, porém, ser invocado no caso de processo realmente existente por crime de direito comum ou por atividades contrárias aos fins e aos princípios das Nações Unidas.

Artigo 15.º

1. Todo o indivíduo tem direito a ter uma nacionalidade.

2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua nacionalidade nem do direito de mudar de nacionalidade.

Artigo 16.º

1. A partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de casar e de constituir família, sem restrição alguma de raça, nacionalidade ou religião. Durante o casamento e na altura da sua dissolução, ambos têm direitos iguais.

2. O casamento não pode ser celebrado sem o livre e pleno consentimento dos futuros esposos.

3. A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção desta e do Estado.

Artigo 17.º

1. Toda a pessoa, individual ou coletivamente, tem direito à propriedade.

2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua propriedade.

Artigo 18.º

Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos.

Artigo 19.º

Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de expressão.

Artigo 20.º

1. Toda a pessoa tem direito à liberdade de reunião e de associação pacíficas.

2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.

Artigo 21.º

1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte na direção dos negócios públicos do seu país, quer diretamente, quer por intermédio de representantes livremente escolhidos.

2. Toda a pessoa tem direito de acesso, em condições de igualdade, às funções públicas do seu país.

3. A vontade do povo é o fundamento da autoridade dos poderes públicos; e deve exprimir-se através de eleições honestas a realizar periodicamente por sufrágio universal e igual, com voto secreto ou segundo processo equivalente que salvaguarde a liberdade de voto.

Artigo 22.º

Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social; e pode legitimamente exigir a satisfação dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis, graças ao esforço nacional e à cooperação internacional, de harmonia com a organização e os recursos de cada país.

Artigo 23.º

1. Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à proteção contra o desemprego.

2. Todos têm direito, sem discriminação alguma, a salário igual por trabalho igual.

3. Quem trabalha tem direito a uma remuneração equitativa e satisfatória, que lhe permita e à sua família uma existência conforme com a dignidade humana, e completada, se possível, por todos os outros meios de protecção social.

4. Toda a pessoa tem o direito de fundar com outras pessoas sindicatos e de se filiar em sindicatos para a defesa dos seus interesses.

Artigo 24.º

Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres e, especialmente, a uma limitação razoável da duração do trabalho e a férias periódicas pagas.

Artigo 25.º

1. Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e tem direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade.

2. A maternidade e a infância têm direito a ajuda e a assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozam da mesma proteção social.

Artigo 26.º

1. Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional deve ser generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu mérito.

2. A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao reforço dos direitos do homem e das liberdades fundamentais e deve favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem como o desenvolvimento das actividades das Nações Unidas para a manutenção da paz.

3. Aos pais pertence a prioridade do direito de escolher o gênero de educação a dar aos filhos.

Artigo 27.º

1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar no progresso científico e nos benefícios que deste resultam.

2. Todos têm direito à proteção dos interesses morais e materiais ligados a qualquer produção científica, literária ou artística da sua autoria.

Artigo 28.º

Toda a pessoa tem direito a que reine, no plano social e no plano internacional, uma ordem capaz de tornar plenamente efetivos os direitos e as liberdades enunciados na presente Declaração.

Artigo 29.º

1. O indivíduo tem deveres para com a comunidade, fora da qual não é possível o livre e pleno desenvolvimento da sua personalidade.

2. No exercício destes direitos e no gozo destas liberdades ninguém está sujeito senão às limitações estabelecidas pela lei com vista exclusivamente a promover o reconhecimento e o respeito dos direitos e liberdades dos outros e a fim de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar numa sociedade democrática.

3. Em caso algum estes direitos e liberdades poderão ser exercidos contrariamente aos fins e aos princípios das Nações Unidas.

Artigo 30.º

Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada de maneira a envolver para qualquer Estado, agrupamento ou indivíduo o direito de se entregar a alguma atividade ou de praticar algum acto destinado a destruir os direitos e liberdades aqui enunciados.

* Fonte: Centro dos Direitos do Homem das Nações Unidas, publicação GE.94-15440.

Nota Pública do Conselho Federal de Psicologia sobre PL do Ato Médico

Qual médico competente e ético vai se responsabilizar por “CONTROLAR” 11 outras profissões? Quem é o maior interessado neste jogo de poder?
Vamos pensar!!

CFP LANÇA CAMPANHA #VetaDilma E REAGE CONTRA APROVAÇÃO DO ATO MÉDICO

Na calada da noite de terça-feira (18/6), o Senado Federal antecipou a ordem do dia e aplicou um duro golpe nos profissionais de saúde com a aprovação do Projeto de Lei (PL) nº 268/2002, que dispõe sobre o exercício da Medicina, conhecido como Ato Médico. O PL foi colocado na pauta pelo presidente da Casa, Renan Calheiros, e pelo senador Romero Jucá, fruto de mais um acordo fechado com apoio da ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann.

O orgulho da classe médica ao comemorar a aprovação do PL dentro do Plenário do Senado fere não somente a Psicologia, mas todo o paradigma de saúde que o Brasil conquistou na construção do Sistema Único de Saúde (SUS), fortalecendo a ideia de que a saúde é uma construção multiprofissional, que envolve várias atividades.

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) se manifesta, de maneira ainda mais incisiva, por meio da campanha lançada hoje, para que a presidente Dilma Rousseff vete o artigo que atribui ao médico a função do diagnóstico nosológico e da prescrição terapêutica, áreas nas quais não possui habilitação. A autarquia vai dispor de toda sua capacidade de articulação com o governo, entidades ligadas ao tema e sociedade civil para que esse projeto não siga adiante: O Ato Médico Ata-Nos #VetaDilma VETA!

Desde o início de sua tramitação, o CFP e diversas categorias da saúde pública no Brasil se mobilizaram pela não aprovação da matéria, que interfere no exercício de outras profissões da saúde. As ações mais recentes incluem um pedido, realizado em 13 de junho pelo Fórum dos Conselhos das Profissões da Área da Saúde (FCPAS), em reunião com o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros, sobre a reforma do artigo 4º – o qual estabelece que as competências privativas da atividade médica sejam limitadas à sua área de atuação, a fim de evitar a insegurança jurídica para as demais atividades de saúde.

É importante frisar que não há posicionamento contrário à regulamentação da Medicina. Os médicos podem e devem trabalhar para que a sociedade reconheça as competências específicas destes profissionais. No entanto, isto não pode ser feito em detrimento de qualquer outra profissão na área da saúde. O PL pretende tornar privativo da classe médica todos os procedimentos de diagnóstico sobre doenças, indicação de tratamento e a realização de procedimentos invasivos e, ainda, a possibilidade de atestar as condições de saúde, desconsiderando a trajetória das demais profissões que constituem o cenário da saúde pública na ótica do SUS.

Igualmente, torna privativa do médico a chefia de serviços, indicando uma hierarquização que não corresponde aos princípios do trabalho multiprofissional que precisa ser construído na saúde. O PL coloca em evidência o interesse corporativista por reserva de mercado. Haja vista que teve origem na Resolução do Conselho Federal de Medicina nº 1.627/2001, cujo texto elucida o tema.

O Ato Médico, além de prejudicar a autonomia de cada profissão, impede a organização de especialidades multiprofissionais em saúde.

Milhões de usuários sabem os benefícios do SUS e reconhecem o valor de todos os profissionais no cotidiano das unidades de saúde. Hoje, uma série de políticas públicas de saúde, como Saúde Mental, Atenção Básica e outras oferecidas à população, contam com profissionais de várias áreas trabalhando de forma integrada e articulada. As equipes multidisciplinares definem em conjunto o diagnóstico e o tratamento, somando suas diversas visões de saúde e de doença para chegar à melhor intervenção. Os usuários não podem ser penalizados desta forma, perdendo esta possibilidade.

Desde que o Projeto de Lei do Ato Médico foi apresentado pela primeira vez no Senado Federal, em 2002, o CFP luta e se mobiliza para que o dispositivo não seja aprovado da forma como está, uma vez que restringe a atuação dos outros profissionais da área e cria uma hierarquização em detrimento da multidisciplinaridade consagrada pelo SUS.

Ao longo deste período, em conjunto com os Conselhos Regionais e outros conselhos da saúde, participou de inúmeras manifestações. Esse cenário constitui uma atuação histórica, destacada na defesa de temas de interesse coletivo e não corporativistas na área da saúde, como é o caso do PL do Ato Médico.

O CFP sempre esteve à frente das manifestações contra a aprovação desse Projeto de Lei, e permanecerá. Já reuniu milhares de pessoas em atos realizados, em conjunto com outras profissões da saúde, em diversas cidades e capitais brasileiras, promovidos constantemente desde 2004. As entidades da Psicologia continuarão em vigília e mobilizado os diversos atores para que o PL do Ato Médico seja vetado pela líder do Poder Executivo.

Vamos apelar para que a sanção da presidente Dilma Rousseff priorize o consenso das profissões da área da saúde, garantindo a regulamentação da medicina, a autonomia das demais profissões de saúde e, principalmente, a existência do SUS.

 CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA

O Ato Médico não pode ser aprovado! Envie mensagem aos parlamentares e a presidenta solicitando #VetaDilma : http://www2.pol.org.br/main/manifesto_veta_dilma.cfm

Fonte: http://site.cfp.org.br/nota-publica-conselho-federal-de-psicologia-sobre-pl-do-ato-medico/?fb_action_ids=378396298927666&fb_action_types=og.likes&fb_source=aggregation&fb_aggregation_id=288381481237582

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Vamos Amar? Amar não é cuidar

“Quando a gente ama é claro que a gente cuida”.

Parece tão bonita essa verdade que Caetano Veloso cantou.

Mas não é bem assim. Tem um nó nesta história que precisamos desatar.

Amar é diferente de cuidar. Amar é diferente de amor. Amor é um sentimento.

Fácil sentir, impossível definir sem que falte algo. Definir amor é um ato subjetivo e por isso sempre controverso e não consensual.

Distante das discussões teóricas foi cantado e proseado desde  Luís de Camões:

“Amor é fogo que arde sem se ver; é ferida que dói e não se sente; é um contentamento descontente; é dor que desatina sem doer.”

Amar, diferente de amor, é um verbo, uma ação, uma atitude.

Em tempos de amar contemporâneo, precisamos diferenciar amar de cuidar.

Amar é estar com o outro em sua dignidade, no direito à sua singularidade e às suas escolhas de formas de vida.

Amar acontece em uma história construída que, com o tempo, vai além da atração física, passando para uma preocupação com o bem-estar do outro para o seu próprio bem-estar, com cumplicidade, intimidade e companheirismo.

Amar gera uma influência mútua, no qual a (in) felicidade de um causa a (in) felicidade do outro.

O cuidar aparece, mas não é o tema da história. É situacional, quando for necessário. Um não tem que fazer algo sempre pelo outro. O bom é estar com o outro.

Quando misturamos amar com cuidar, a paisagem muda.

O cuidar é contínuo. Aqui, quem ama cuida como na música.

Os cuidadores querem colonizar um ao outro, não aceitando suas singularidades. 

As motivações partem de pensamentos amorosos, mas desqualificadores: eu sei e posso ensinar para ele.

Eu sei o que é melhor para ela.

Eu sei mais do que ele.

E nesta hierarquização de competências, quem pode mais, quem sabe mais, quem é mais forte, cuida do outro.

O conflito é inevitável porque nunca saberemos o que é melhor para o outro melhor do que o próprio outro? 

Reina a paz enquanto um cuida e o outro aceita e ambos se deleitam com essa hierarquia.

O conflito se instala quando os cuidandos crescem, e começam a buscar uma relação igualitária de mais autonomia, menos controle.

Os cuidadores, por outro lado, não vão abrir mão de um espaço conquistado e iniciam a luta para continuar no controle.

Outro itinerário do conflito é quando os cuidadores cansam e se irritam com as desobediências dos cuidandos e iniciam caminhos sem volta gerando violência.

Por amar desta forma, cuidam.

Para manter o cuidado, controlam.

E este controle que cansa ambos, vai virar pressão, vai virar violência psicológica, violência verbal, podendo chegar na violência física.

E desta forma, não será mais possível avistar o sentido original de amar e cuidar.

Ele transformou-se em violência e conjugou amar com sofrimento.

Cena final:

Os cuidadores definidos como os vilões da história, sem entender nada, seguem sozinhos com seus sentimentos de incompreensão, raiva e abandono profundo.

E os cuidandos? Eles seguem procurando outros pares complementares, ou então com um pouco mais de empenho, cresceram e estão hoje em relações igualitárias.

 Escolha o enredo para você caminhar na sua história de amar.

Se o caminho não está agradando, transforme-o. Use seus personagens internos.

Você pode ser o autor, que ao mesmo tempo dirige você como ator em sua vida.

Proponho outra melodia:

“Só há amor quando não existe nenhuma autoridade”. Raul Seixas

Telma Lenzi| Junho de 2013

OUÇA ESSA CRÔNICA GRAVADA

Visão Sistêmica da Violência

A Teoria Sistêmica enfoca seu estudo na pessoa em seu contexto de relacionamentos. Tem como premissa básica o trabalho com o potencial de mudança dos seres humanos de transformar suas relações nos contextos em que vive, a partir de suas próprias competências. Nesta perspectiva enfatiza através da linguagem, os processos mentais (mundo interno) e o contexto a qual a pessoa está inserida (mundo externo), bem como toda a complexidade de suas interações.

 A partir da visão Sistêmica, as pessoas e as instituições estão de alguma forma implicadas em amplas redes sociais, tornando-se necessário compreendê-las e articulá-las. Quaisquer intervenções devem levar em conta o contexto onde o fato acontece e toda a complexidade de suas interações.

A violência tem múltiplas causas: individuais, relacionais, culturais e comunitárias. Respostas que atuem apenas em uma dessas causas são insuficientes. Necessitamos de soluções que não reduzam as razões desse problema a causas únicas.

Ao utilizarmos a Visão Sistêmica como fundamento teórico, o fenômeno da violência passa a ser visto na sua complexidade (causas individuais, relacionais, culturais e comunitárias). Portanto, ao incluirmos a noção da complexidade das causas, estamos dizendo “não” à simplificação e ao reducionismo. A ação sistêmica presta atenção direta aos envolvidos, capacita e sensibiliza os profissionais (de saúde, assistência social, direito e segurança pública) e a população em geral, contribuindo para novas políticas públicas.

A violência familiar deve ser pensada levando em consideração o fato em si e o contexto onde ele ocorre. Um ato de violência tem um “autor”, uma “vítima” e, na maioria das vezes, testemunhas. O contexto que possibilita o fato tem a participação de todos, pois mantemos (retroalimentamos) a violência na cultura que vivemos.

Muitos comportamentos que condenamos, além de terem sido permitidos ao longo dos séculos, ainda se manifestam em nossa cultura. Se olharmos as leis de um país como uma das inúmeras manifestações da cultura de um povo, podemos ver que a violência ainda é tolerada e até mesmo incentivada.  Não avançaremos na prevenção da violência se não incluirmos no foco de nosso trabalho todos os envolvidos na situação.

É necessário que nosso trabalho alcance todos os envolvidos: vítimas, autores de violência, testemunhas, bem como, a rede comunitária imediata. Por outro lado, para prevenir a violência, é importante sensibilizar também a população para que não a perpetue ao menosprezar ou negar a problemática da violência familiar.

Ao final e de volta ao princípio, precisamos sensibilizar as equipes multiprofissionais que trabalham com famílias em situação de vulnerabilidade. Acabar com atitudes de negação e despreparo no caso de profissionais inseridos em serviços públicos ou em atividades de educação e saúde, passa a ter caráter de urgência.

O despreparo acaba quando conseguirmos definir e reconhecer a violência. É mais fácil identificá-la e condená-la nas suas manifestações mais grotescas, mas muito difícil quando se manifesta sutilmente como ato de educação, cuidado e proteção.

Uma cultura de paz só virá pela conscientização de que a violência é toda ação que desconsidera a legitimidade da diferença e, que tenta impor ao outro o que é verdade para nós.

Sexualidade e Amor: Reflexões sob a luz das Teorias Construcionistas

Como conjugar Amor e Sexualidade? Quais são meus preconceitos sobre a nova narrativa social de sexualidade e amor?

“On nait pas femme, on le deviant”. Simone de Beauvoir (2000)

Esta afirmativa histórica da Simone de Beauvoir diz que nascemos com um sexo biológico, mas o sexo não causa o gênero. O gênero é uma “experiência vivida”, o gênero é o direcionamento do desejo.

Para o Construcionismo, todas as práticas eróticas e sexuais, assim como as definições de gênero, são criações humanas, constituindo objetos sociais da ordem da linguagem, da cultura, do simbólico.

A sexualidade como uma instituição social, não difere de todo o processo de institucionalização da realidade.

Não havendo uma sexualidade natural, mas social, o que ocorre com o sexual é o mesmo que ocorre com todas as demais esferas da vida social: uma construção convencional e histórica, arbitrária com a aparência de uma realidade natural, universal, necessária e irreversível, tornando-se estigmatizadas como anormais todas as demais formas que ficaram excluídas no processo de institucionalização.

A perspectiva da construção social do gênero é central para nossas reflexões acerca dessas questões, já que as várias formas de manifestação do Feminino se definem por sua relação com o Masculino, também em suas muitas possibilidades.

A partir da década de 80, os estudos de “gênero” permitiram uma releitura crítica das teorias e pesquisas sobre mulheres, desvinculando-se dos estereótipos e ultrapassando o reducionismo biológico.

A feminilidade e a masculinidade passaram a ser compreendidas como culturalmente construídas e situadas no espaço e no tempo: os discursos criam as diferenças entre homens e mulheres.

Kimmel (2000) mostra como a separação de esferas – pública para o homem e privada para a mulher – significou mais que separação espacial, pois dividiu o mundo social e o domínio psíquico em duas metades complementares.

Os homens expressavam traços e emoções associados ao trabalho, como competitividade, realização pessoal e racionalidade instrumental, enquanto as mulheres cultivaram as qualidades domésticas como o amor, cuidado e compaixão.

Kimmel coloca ainda, que estas diferenças resultam das mudanças sociais e econômicas, e não o contrário: a desigualdade de gênero produziu as diferenças que legitimaram as desigualdades sociais.

À medida que mulheres entram no domínio público, reivindicando igualdade de oportunidade e remuneração, e que homens começaram a aspirar a relações de intimidade, pode-se abrir um caminho para a democratização, emergindo várias possibilidades de “Masculino” e “Feminino”, em relações idealmente flexíveis e plurais.

As desigualdades de gênero começam a ser revistas: homens e mulheres desenvolvem a autonomia e o cuidado das relações, ambos ocupam o domínio público e privado, as mulheres deixam de ser divididas em puras e impuras por assumir uma sexualidade livre e completa.

O novo Masculino compartilha desse Feminino, que se atualiza e se apropria de vivências e espaços que lhes eram vetados. Questiona-se a feminilização do amor, e a masculinização do sexo, ativo, conquistador, dominador.

Homens e mulheres podem ter experiências amorosas e sexuais dentro de um campo amplo de escolhas possíveis.

AMOR

O desafio do amor: aceitar o outro com ele é (e não como eu gostaria que ele fosse). Amor é fundamental para ligar as pessoas.

Mas será que o amor suportará a tantas expectativas, como nas relações de casal atuais, principalmente se houver uma projeção de longa duração?

Costa (1998) nos mostra que o amor é um fenômeno histórico, em contínua construção, desde seus primórdios.

As diversas transformações por que passou mostram que novas regras podem ser inventadas, dependendo de nossas escolhas. O crescente individualismo e falta de suporte social de nossa cultura levam à busca de relações amorosas que nos proporcionem a continência, o reconhecimento e a validação. Elas podem nos ajudar a perceber quem somos, o que desejamos e para onde nos encaminhamos, num movimento de construção e reconstrução de significados que atravessa o ciclo vital.

Costa (1998) reflete que, o amor como uma crença emocional pode ser mantido, alterado, dispensado, trocado, melhorado, piorado ou abolido. Quando se está descontente com a maneira que se lida com esse sentimento, cada um pode recriá-lo. Nenhum de seus elementos afetivos, cognitivos ou conativos é fixo por natureza.

O amor-sexual, como fundamento do casamento, surgiu na modernidade e, com ela, trouxe um elemento revolucionário, pois anunciava uma nova ordem das coisas. Neste tempo, o amor vai percorrer uma longa trajetória até chegar à condição de estímulo máximo para o casamento, passando pelo impulso dramático Shakesperiano, no século XVI. Essa trajetória tem seu ponto de chegada no século XVIII, na Revolução Burguesa e nas idéias de liberdade individual.

Em torno do novo ideal de conjugalidade instaurado, criaram-se muitas expectativas e idealizações, entre elas: a ideia de casamento como lugar de felicidade onde o amor e a sexualidade são fundamentais.

Hoje, estes mesmos movimentos de mudança levam os casais a reverem suas idealizações sobre casamento, amor e a sexualidade. Novas formas de amar e se relacionar estão sendo construídas para responder às exigências de uma sociedade onde os valores e as regras econômicas e sociais estão sempre em mutação.

Porém este processo de desidealização das relações pode levar tanto ao término da relação quanto à sua transformação em amor. Amar é uma atitude de amor pelo outro, que envolve aceitação do outro como o outro é, como definiu Maturana (1998):

“A emoção fundamental que torna possível a história da hominização é o amor… Não estou falando com base no cristianismo… O amor é a emoção que constitui o domínio de condutas em que se dá a operacionalidade da aceitação do outro como legítimo outro na convivência, e é esse modo de convivência que conotamos quando falamos do social. Por isso, digo que o amor é a emoção que funda o social. Sem a aceitação do outro na convivência, não há fenômeno social. Em outras palavras, digo que só são sociais as relações que se fundam na aceitação do outro como um legítimo outro na convivência, e que tal aceitação é o que constitui uma conduta de respeito. Sem uma história de interações suficientemente recorrentes, envolventes e amplas, em que haja aceitação mútua num espaço aberto às coordenações de ações, não podemos esperar que surja a linguagem. Se não há interações na aceitação mútua, produz-se a separação ou a destruição. Em outras palavras, se há na história dos seres vivos algo que não pode surgir na competição, isso é a linguagem”.

Amar e se apaixonar são duas necessidades humanas que nem sempre se integra no mesmo relacionamento.

A paixão é subversiva, no sentido de que tira o indivíduo de suas obrigações cotidianas, arrebatando-o. A sensação de ser um só com o outro, muitas vezes, concretizada numa intensa vivência sexual, remete simbolicamente à busca e alcance da completude. Entretanto, leva à confrontação com a necessidade de separar-se do outro, reconhecendo-o como outro.

A percepção do outro como um outro, possibilita a afirmação de si como alguém que não depende do ser amado para sobreviver, mas que estabelece com ele uma relação que acolhe as necessidades de ser separado e de estar acompanhado e acolhido no processo de desenvolvimento.

Giddens (1993) nos fala que esta noção de amor fez surgir o direito à escolha.

Dessa forma, a ideia de democracia infiltra-se na ideia de família, significando que tudo pode ser dito, todos têm direito a participar das decisões, e que escolhas diferentes podem ser feitas. O presente oferece esta pluralidades de escolhas. E esta ampliação gera instabilidade trazida pelas mudanças que caracterizam este momento histórico.

A construção de quem somos acontecerá a partir da estabilidade e mudança, progressões, bloqueios e retrocessos. Com uma dimensão individual, experienciada e definida pela própria pessoa e uma relacional, pois se expressa na interação a partir de um momento histórico e em determinada cultura.

SEXUALIDADE

A sexualidade é carregada de historicidade social e pessoal,vivida e narradas por nos mesmos.

A concepção moderna de sexualidade, segundo Foucault (1988), designa uma série de fenômenos que englobam tanto os mecanismos biológicos da reprodução como as variantes individuais e sociais do comportamento, a instauração de regras e normas apoiadas em instituições religiosas, judiciárias, pedagógicas e médicas, e também as mudanças no modo pelo qual os indivíduos são levados a dar sentido e valor à sua conduta, seus deveres, prazeres, sentimentos, sensações e sonhos.

Sexualidade é, então, uma construção social que engloba o conjunto dos efeitos produzidos nos corpos, nos comportamentos e nas relações sociais.

Ao longo da história, a atividade sexual sempre foi objeto de preocupação moral e, como tal, submetida aos dispositivos de controle das práticas e comportamentos sexuais. Como esses dispositivos são construídos com base nos valores e ideologias predominantes na sociedade, eles assumem formas diferentes à medida que a sociedade muda.

Das grandes mudanças do nosso tempo, a chamada revolução sexual e a emancipação feminina tiveram um papel fundamental. As mudanças que vêm acontecendo na sexualidade ao longo da modernidade resultaram em transformações radicais na intimidade e na vida pessoal dos indivíduos.

INTIMIDADE

A Intimidade é a vivência de democratização total do domínio pessoal. Vivida por homens e mulheres, transformados e transformadores.

Giddens, em “A Transformação da Intimidade” (1993), coloca que as novas formas de relacionamento que resultaram das mudanças que vem acontecendo no amor, sexualidade, e na intimidade, têm como base a igualdade e os princípios democráticos.

Para compreender essa realidade atual, Giddens reflete sobre estes três aspectos: o amor, a sexualidade e o relacionamento. Giddens diferencia a pratica do amor atual (amor confluente) como mais real que o amor romântico, porque não alimenta identificações projetivas e fantasias de completude.

As relações são simétricas nas trocas afetivas e no envolvimento emocional. O erótico é o centro do relacionamento conjugal e transforma a realização do prazer sexual recíproco em um elemento-chave na manutenção ou dissolução do relacionamento.

Desenvolve-se como um ideal em uma sociedade onde quase todos têm a oportunidade de se tornarem sexualmente realizados. Ao contrário do amor romântico, o amor confluente não é necessariamente monogâmico nem heterossexual.

Giddens, no que se refere à sexualidade (sexualidade plástica) reforça o momento em que ela foi separada do ato reprodutivo.

Este processo tem origem na tendência à redução da família, iniciada no final do século XVIII, e fortalecida com a difusão da contracepção moderna e das novas tecnologias reprodutivas que autoriza a mulher ao prazer sexual.

Sobre a intimidade, o relacionamento puro como chamou Giddens, é centrado no compromisso, na confiança e na intimidade. Existe uma história compartilhada em que cada um deve proporcionar ao outro, por palavras e atos, algum tipo de garantia de que o relacionamento deve ser mantido por um período indefinido. É um relacionamento diferente do casamento como uma “condição natural”, cuja durabilidade era assumida como certa.

O compromisso é necessário para que um relacionamento tenha a probabilidade de durar, mas não evita a possibilidade de dissolução.

Nesse tipo de relacionamento, o que conta é a própria relação, e a sua continuidade depende do nível de satisfação que cada uma das partes pode extrair da mesma.

O amor romântico também criou a possibilidade de estabelecer um vínculo emocional durável.

O que difere dos relacionamentos atuais, comparado com o amor romântico, é que, embora o amor romântico suponha uma igualdade de envolvimento emocional entre duas pessoas, durante muito tempo as mulheres foram mais afetadas por esta idealização.

Os sonhos do amor romântico conduziram muitas mulheres a uma submissão doméstica.

O amor romântico teve um impacto duplo sobre a situação das mulheres: além de manter as mulheres no lar, reforçou o compromisso com o “machismo” ativo e radical da sociedade moderna.

Os ideais do amor romântico começaram a se fragmentar com a emancipação sexual e a autonomia feminina. O declínio do controle sexual dos homens sobre as mulheres colocou possibilidades reais de transformação da intimidade. Embora a intimidade possa ser opressiva, ela pode ser transformada em uma negociação transacional de vínculos pessoais, estabelecida por iguais.

“A intimidade implica uma total democratização do domínio interpessoal, de uma maneira plenamente compatível com a democracia na esfera pública” (Giddens, 1990).

No nosso contexto, principalmente nos segmentos mais intelectualizados, o casamento tradicional (poder masculino) vem dando lugar à outra forma de casamento, onde a mulher reivindica igualdade e há uma constante negociação no relacionamento. Nesse tipo de casamento, a intimidade tende a se reestruturar com base em novos valores, entre os quais amizade e companheirismo se colocam como fundamentais.

A transformação da intimidade passa pela análise de gênero. Os novos estudos nesse campo questionam a ideia de que os homens têm mais problemas com a intimidade do que as mulheres.

A intimidade envolverá negociação constante. Ela requer a capacidade de comunicação pessoal, com os outros e consigo mesmo, em um contexto simétrico, de igualdade interpessoal.

Nesse cenário, as mulheres tiveram um papel de revolucionárias emocionais e prepararam o caminho para expansão da intimidade. A mobilização psicológica assim como as mudanças materiais e sociais permitiu às mulheres reivindicar a igualdade.

Mas a possibilidade da construção de relações amorosas e sexuais mais democráticas e igualitárias dentro ou fora do casamento é uma conquista de homens e mulheres. O acontecer deste novo contexto requer o encontro de homens e mulheres igualmente transformados e transformadores.

Tal conquista tem permitido o surgimento de outras formas de relacionamento amoroso, tanto no contexto heterossexual quanto fora dele. Vivemos hoje no mundo da pluralidade.

O casamento formal, heterossexual e com fins de constituição da família, continua sendo uma referência, mas convive com outras formas de relacionamento conjugal como as uniões consensuais, os casamentos sem filhos ou sem co-habitação, e as uniões homossexuais.

CONTRIBUIÇÕES PARA A PRÁTICA CLÍNICA

Como se estabelece hoje o contexto da terapia? O que cabe a nós terapeutas da modernidade?

As terapias de hoje buscam estabelecer contextos reflexivos dialógicos para a prática da reconstrução das narrativas dos clientes.

A nós terapeutas, fica o convite a revisitar nossos pré-conceitos e flexibilizar posturas pessoais, profissionais e culturais. Sabendo que o processo de mudança está acontecendo no hoje – no aqui e agora. Que envolve liberdade, mas também instabilidade.

Não podemos desvalorizar a dor deste momento histórico a respeito da sexualidade e amor. Precisamos estar conscientes das profundas, contínuas e atuais mudanças sociais, que afeta a nossa individualidade, remete a todos nós, terapeutas e clientes a questionar nossas escolhas e nossos direcionamentos na prática clínica.

Mudanças recentes, como a desvinculação entre sexo e amor e a validação da sexualidade como busca do prazer, com intimidade e afeto, mas não compromisso, muitas vezes virá carregado de ambivalências e contradições.

Restos de moralismo, restos dos padrões anteriores ainda vigentes será encontrado nas dores dos desejos não satisfeitos, das projeções e idealizações que se esvaziaram na quebra do amor romântico.

Mesmo que todas essas mudanças sejam uma conquista para homens e especialmente para as mulheres, se faz necessário o tempo de adaptação aos novos valores e a liberação dos restos de crenças culturais desatualizadas.

Uma constante reflexão sobre esta relação antagônica interna se faz necessária e contínua, em espaços de conversação dialógica.

A prática da conversação dialógica possibilitará o olhar por um lado, para a dimensão pessoal e por outro lado, a dimensão social que revela a persistência de um padrão tradicional, a dupla moral, que as transformações sociais vêm modificando no processo do tempo.
Ampliar suas possibilidades de escolha, pode muitas vezes significar arcar com o peso das contradições pessoais e sociais. Quando Bruner propõe estudarmos a questão do amor, gênero e sexualidade pela perspectiva narrativa convida a vermos ao mesmo tempo, as narrativas como modelos do mundo e modelos do self, modelo social e individual.

As narrativas vão servir como formas de mediação entre os modelos do self (e sua realidade específica) e os modelos da cultura, que é histórico e, por isso, pode mudar de uma época para outra. Lembrando que o padrão social é construído por nós como um modelo universal da nossa cultura.

O trabalho com as narrativas vem propor que homens e mulheres percebam suas realidades como construções transformáveis.
Propor que ao definir Sexualidade e Amor como construções sociais, assumam a autoria da transformação de suas histórias pessoais.

O momento histórico requer escolhas coerentes a partir de sua própria referência sem perder de vista suas próprias contradições e preconceitos. E que a dupla moral e a persistência a mudanças dos valores está tanto no mundo externo como no mundo social interno. É necessário, então, considerar os conflitos resultantes dessas novas possibilidades, já que há mudanças na vivência pessoal e também no âmbito social.

Para nos terapeutas, o estudo da narrativa nos permite conceber uma realidade em constante transformação e reconstrução. Podemos dar ordem e coerência às experiências da condição humana fundamentalmente instável e alterar esta ordem e coerência à medida que a nossa experiência ou os seus significados transformam-se.

E como companheiros de viagem, igualmente pertencente ao contexto cultural, terapeutas e clientes, podem juntos explorar novas versões para velhas histórias narrativas das questões de conjugalidade, sexualidade e amor em que incluam negociações potencializadas de esperança e bem estar para homens e mulheres do nosso tempo.

Finalizando: o amor e a sexualidade são narrativas sociais, tendo sido reinventado inúmeras vezes no decorrer da história e, assim como pode perpetuar as desigualdades de gênero, pode também ser transformador.

Somos os responsáveis pela transformação de nossas histórias e das narrativas sobre elas, construindo a nós mesmos como parte de nosso mundo (interno e externo). Toda forma de sexualidade e amor é sagrada!

Telma Lenzi | 14/5/2010

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANDERSON, H.; GOOLISHIAN, H O cliente é o especialista: a abordagem terapêutica do não saber.

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MATURANA, Humberto. Emoções e linguagem na educação e na política. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998.

Autobiografia em Cinco Capítulos

CAPÍTULO 1

Eu caminho por uma rua

Havia um buraco profundo naquela rua  

Eu caio nele

Levo muito tempo para sair de lá.

 

CAPÍTULO 2

Eu caminho por aquela rua

Havia um buraco profundo naquela rua 

Eu sabia que estava lá, 

Mas não o vi

Eu caio nele, não é minha culpa

Ainda levo muito tempo para sair de lá.

 

CAPÍTULO 3

Eu caminho por aquela rua

Havia um buraco profundo naquela rua

Eu sabia

Eu o vi mas ainda assim eu caio nele

Eu vejo quais os recursos para sair dele

Saio de lá rapidamente.

 

CAPÍTULO 4

Eu caminho por aquela rua

Havia um buraco profundo naquela rua

Eu o vi e não consegui não cair nele

É minha responsabilidade 

Conheço os recursos para sair dele

Saio de lá imediatamente

 

CAPÍTULO 5

Eu caminho por aquela rua

Havia um buraco profundo naquela rua

Escolho não entrar naquela rua

Escolho outra rua para caminhar

Autor desconhecido adaptado por Telma Lenzi

Junho/2013