Fica, fica tudo bem…
Dia pesado, dia triste. Porque esfriou, porque é dia de lua cheia e intensifica as emoções?
Porque estamos aqui no dia 20 da quarentena que simbolicamente significa a metade do tempo de isolamento? Mas ninguém sabe ao certo o que virá.
A melhor amiga quebrou, teve crise de pânico as 7 da manhã, os clientes não estão bem e a equipe tá sofrendo com tanto sofrimento. E eu, e nós como estamos?
Olho pela janela e nem me indigno mais com as pessoas que continuam lá caminhando em pares, jogando bola, seguindo numa perversa normalidade.
Aqui, isolada criei uma rotina e sigo. O que me faz seguir? Quem no meu mundo interno, dos meus Personagens, me faz seguir? Escuto o General falando: “Estamos em guerra. Sigamos”.
Mas também escuto: estamos cansados. Estamos tristes e estamos com medo também.
Com direito a todas as vozes da coragem ao medo vou criando meu itinerário nesse momento. Penso na palavra RESILIÊNCIA… Lembro que me pediram pra falar mais sobre isso nesse momento. Ok!
Resiliência é a capacidade de se adaptar ao que a vida oferece em forma de problema. Superar crises. Segurar a pressão e se posicionar frente a ela de tal forma que seja possível sobreviver emocionalmente.
Adaptação é aquilo que buscamos, mas o caminho para tal, o itinerário, é singular.
Uns tem formas já vividas de seguir em frente. Alguns estão aprendendo agora.
Resiliência são nossas experiências e possibilidades.
Resiliência são nossos recursos internos.
Recursos internos são nossas vozes internas.
Quem nos acompanha em nossos diálogos internos? Quais vozes internas temos como recursos em momentos de crise e mal estar? Quem podemos convidar para aliviar momentos de monólogos internos ou tensão interna extrema? O quanto estamos familiarizado com nossos diálogos internos a ponto de garantir colaboração entre as vozes?
E eu sigo aqui com minha Personagem escritora que aparece e acolhe a minha dor. Ela me diz: –“Não há problema vivenciar emoções ruins. Todos temos esse direito. Senti-las, acolhe-las e lembrar que momentos bons vem e vão. Assim como momentos ruins vem e vão”.
Eu aceito a minha humanidade. Eu agradeço os meus recursos.
E o por do sol se repete lindo.
Amanhã será outro dia…
Telma Lenzi
Abril /2020