Áudio Crônica A culpa é deles? Perdoar nossos pais e seguir adiante

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Não há trauma, verdades vividas ou ditas duramente por nossos pais, cenas terríveis de infância que não possam passar por uma atualização em nosso self.

 

Áudio Crônica (In)fidelidade

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A quem precisamos ser fiel? Ao outro, a valores familiares, a comunidade ou a nós?

Como ser fiel a nós mesmos se em nossa paisagem interna habitam Personagens Internos antagônicos, de desejos contraditórios?

 

Áudio crônica Conversa Íntima

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Uma conversa intima sobre sexualidade de uma mulher para o homem. Passando pelos vários personagens femininos que habitam mulheres em suas sexualidades.

O Mundo Pós-Pandemia – Não voltaremos iguais mas podemos voltar melhores!

Não voltaremos à vida como era antes. O mundo não será mais o mesmo. Também não seremos os mesmo de antes. Será?

Ou logo esqueceremos as aprendizagens que vivenciamos no isolamento e, aos poucos, voltaremos a rodar na velha cultura capitalista e de consumo.

Agora eu nem preciso de carro. E depois? Vou voltar a querer um carro zero daquele modelo da moda?

Muito se fala, mas não temos ideia do Novo Normal, termo que estão usando para falar da vida que nos espera no Mundo Pós-Pandemia.

Não sei o que virá, mais um pouco sei de mim. Sei que sou otimista e tenho fé na humanidade.

Me inspiram os processos históricos e as mudanças sociais, das manifestações pelo respeito às singularidades que estamos vendo crescer em todas as áreas.

Também não acredito e nem gosto das grandes revoluções, das rupturas que, em nome da aceleração dos processos, atropelam as culturas.

Sou paciente, não tenho pressa com os processos e tenho fé neles. Gosto do micro. Das micro práticas de transformação.O caminho mais lento e de resultados mais duradouros. Onde cada um pode se comprometer em suas práticas cotidianas para iniciar uma diferença no mundo em que vivemos.

Alguns atos e conexões me inspiram a acreditar que não voltaremos ao mesmo nível de conhecimento e ações anteriores:

  • Valor maior dado para a ciência e a informação fundamentada.
  • Passamos a considerar heróis os profissionais da saúde e não mais os soldados de guerra. Profissionais da saúde salvam vidas, soldados matam pessoas.
  • Os investimentos pessoais mais buscados são na saúde, e no conhecimento.
  • Uma verdade é que desaceleramos. Menos gastos, menos excessos. Mais autonomia na lida doméstica de alimentação e manutenção das nossas casas.
  • O trabalho não é mais preferencialmente presencial. Em poucos dias essa realidade mudou. Foco no trabalho remoto. Redução de custo, de deslocamento, de transporte público, maior produtividade. Com menos gente circulando,  menor a poluição e a natureza agradece mostrando sinais de recuperação.
  • As pessoas e empresas que se destacam são por suas ações solidárias à crise, criando exemplos e boas memórias na coletividade.
  • Visibilidade para os invisíveis: O país das grandes desigualdades olhou para essa realidade: ¼ dos brasileiros ganham menos que ½ salário mínimo.
  • Nunca se doou tanto. Recorde histórico de doação no Brasil: + de $ 3,2 bilhões.
  • Entendemos finalmente que, ou saímos todos juntos ou ninguém sai dessa crise nacional, mundial. Prosperidade real é prosperar junto.
  • A população entendeu que o SUS tem seu valor, é importante.
  • Que o governo tem obrigações com os menos favorecidos, que o homem não é Deus, só faz parte do eco sistema, não reina soberano sobre nada.

O legado da Pandemia é a colaboração.

Diante de um inimigo comum global, estamos oferecendo empatia, amor, compaixão através de iniciativas sociais de todos os tipos, desde olhar para os nossos vizinhos com solidariedade, até entretenimento e cursos gratuitos  doados por empresas engajadas, para estimular o  “Fica em casa” para quem puder ficar.

O legado da Pandemia é a percepção  do que é essencial.

Abundância é mais do que precisamos.

A escassez é menos do que precisamos.

Entre esses dois conceitos existe o suficiente, o essencial, o que precisamos e nada mais.

O resultado dessas mudanças sociais que queremos ver no mundo que virá vai depender de nossa capacidade de reflexão e compreensão dos acontecimentos, dos posicionamentos da sociedade civil, das atitudes socialmente responsáveis das empresas, e claro, dos caminhos adotados pelos governantes eleitos pelo povo.

Enfim, vai depender de cada um de nós.

Por onde começar?

Por você.

Reflita sobre o que você está vivendo e como responde à restrição da liberdade.

Pergunte-se: de que forma posso me comprometer pelo coletivo ajudando a diminuir as desigualdades sociais ruins para todos?

O que estou gostando e quero manter, o que estou sentindo falta e quero valorizar mais quando a vida voltar a uma certa ‘normalidade”?

Identifique suas respostas ao que é essencial e suficiente agora.

Reconheça suas reais necessidades do que lhe é suficiente  e perceba se essas respostas mudarão ou não na medida que a economia se reaquece, o consumo se estabelece, a sociedade capitalista define o jogo competitivo do poder.

Se você for capturado pelo sistema, respire fundo e investigue suas velhas, programadas  e aprisionantes respostas. Talvez você encontre em seu mundo interno o (a) Personagem Jovem Imaturo (a) buscando a afirmação externa pra se sentir com importância. Acolha-o (a).

Pergunte-se a qual tipo de mundo social você deseja pertencer.

Inicie suas transformações no presente.

Você é merecedor de uma vida livre de manipulações.

Telma Lenzi | 27 de maio de 2020

 

 

Personagens Internos: nosso mundo interno como um recurso de resiliência

Olhar para dentro e se conhecer melhor. Este é o convite, nestes tempo de Pandemia, onde estamos com a lente interna do MEDO aumentando tudo. Daquilo que é bom e do que somos vulneráveis. Pensar nosso mundo interno como um recurso de resiliência e auto agenciamento nos fortalece emocionalmente.                                   Os PERSONAGENS INTERNOS são um recurso valioso de resultados importantes nessa busca de bem estar.

 

Quem são eles?

Todos temos um auditório interno de vozes, uma equipe, um time de conselheiros, colaboradores internos, com os quais estamos sempre dialogando. Eu os nomeio Personagens Internos.

Com eles, os Personagens, construímos nossas interpretações, deduções interiores, motivações, apreciações e ponderamos sobre as decisões que tomamos na vida. O que decidimos fazer, e principalmente de que forma fazemos.

Sempre conversei desde menina com os meus e esse diálogo interno foi fundamental no meu autoconhecimento e desenvolvimento.  Depois de formada, instrumentalizei o trabalho com os Personagens, como um recurso terapêutico para os meus clientes.

 

Você conhece os seus?

Somos todos singulares. A natureza do nosso mundo interno é igualmente única.

Cada um tem os seus Personagens, suas vozes com suas características que foram construídas ao longo da sua história de vida. E cada Personagem traz uma voz diferente e simultânea, o que torna necessário o diálogo interno democrático e igualitário  para suas coexistências.

Às vezes eles são contraditórios, antagônicos outras vezes estão em parcerias.

Refletem os mesmos recursos que utilizamos no nosso mundo exterior, os compromissos éticos e retóricos envolvidos nas interações com as pessoas no mundo externo.

Às vezes fazem muito barulho interno, outras vezes parece uma melodia de vozes.

 

Como funciona a nossa mente

Esta é a grande novidade da noção sociocultural da “mente”: Nosso Self,  nosso mundo interno,  não tem um centro único.

Ele é múltiplo.

Não tem um núcleo profundo a ser alcançado como sinal de maturidade.

O Self é descentralizado, é uma conversa horizontal entre suas várias vozes, seus vários Personagens.

É produzido dentro destas sequências conversacionais de ação.

Nunca estará pronto, sempre será um processos de possibilidades,  transformação e evolução. Um eterno tornar-se.

 

Onde eles se manifestam

Eles não existem dentro da nossa “mente”. Nós os invocamos linguisticamente através da reflexão, no diálogo, em nossas conversações. Coexistem em nosso mundo interior e aparecem nas nossas interações, relacionamentos, nas práticas conversacionais, na hora das conversações tanto públicas como privadas.

Se manifesta:

Às vezes em nossas pausas, nossa respiração ou distrações.

Na entonação responsiva de nossas palavras.

Na expressão que surge através de certo jeito característico.

Na expressão facial, verbal, nos gestos.

No tom de voz formal, indignado, respeitoso, autoritário, alegre, culpado, com medo.

Nos dirigimos às pessoas com o nosso mundo interno. Mostramos claramente com qual Personagens estamos respondendo às circunstâncias que estamos vivendo.

Temos muitos deles à nossa disposição. Somos muitos em um encontro com o outro.

 

Como podemos conversar com eles para conhecê-los melhor

  • Convidando para uma conversa a partir da nossa imaginação para construir um espaço dialógico.
  • Reunindo e relacionando todos os aspectos de suas circunstâncias atuais.
  • Conhecendo como acontece o curso, o itinerário das respostas e negociações internas entre eles, os Personagens.
  • Saber com quais Personagens contar, quais estão disponíveis em cada experiência da vida aumenta nossa flexibilidade,  resolutividade de problemas e resiliência.

 

Responsividade Reflexiva

É a nossa capacidade de responder de maneira útil e geradora de novos significados para seguirmos adiante em trocas produtivas.

Os Personagens são nossas vozes internas construídas, internalizadas e programadas durante a nossa vida, pelas experiências relacionais vividas.

Criamos padrões, programações, formas de vida, formas de ser, roteiros de ser, itinerários internos, programações relacionais.

Eles são acionados a se manifestar em situações bem específicas, que tenham semelhanças entre si. Responderão de forma padronizada historicamente, isto é, a partir de situações que aconteceram ao longo da nossa história,  para um certo tipo de interação.

Suas manifestações, nosso jeito de agir com determinadas interações um dia foi útil e tem coerência em nossa historicidade.

Precisamos refletir se suas respostas ainda são úteis. Se a forma como agimos ou reagimos com tal Personagem, está gerando o resultado que esperávamos no presente, se está servindo, gerando bem estar, está tudo certo.

Às vezes não está tudo bem. Alguns dos nossos Personagens programados e definidos para algumas interações estão gerando problema.

De uma hora para outra não estão mais funcionando, deixaram de ser úteis. Ou porque mudamos ou porque o outro cresceu, mudou, ou o contexto externo mudou e pede atualizações.

Vamos precisar nos revisitar sempre. Estamos sempre em transformação.

Não somos mais o mesmos de antes de ler esta crônica, antes do verão, da Pandemia, antes de ter filhos, casar, divorciar e assim por diante.

Por inúmeras razões alguns Personagens Internos deixaram de ter boa responsividade, deixaram de ser respostas úteis para a solicitação da interação.

Desligar o piloto automático das programações e poder construir novos roteiros, novos caminhos para novas formas de responder a interação atual do presente, se faz necessária.

O caminho é perceber qual o PERSONAGEM programado que está gerando o mal estar e convidar outras responsividades, outros tipos de respostas.

Às vezes precisamos convidar vários Personagens para agirem juntos.

Por exemplo: Convidar a Coragem para estar junto do Medo neste momento de riscos de contaminação viral. Não seria útil agir só com um dos dois. O Medo sozinho, não permitiria a saída ao supermercado para comprar suprimentos. E a Coragem sozinha não tomaria os cuidados de precaução antes e depois da saída. Com a ação conjunta destes dois Personagens, estaremos mais protegidos. Nossa resposta para o contexto ficou mais útil.

Convidar outros Personagens para compartilhar as responsabilidades de ações  possíveis, amplia nosso repertório interno,  legitima-os fazendo surgir uma ação conjunta entre eles.

Sustentar idéias e crenças sobre nós mesmos, depende tanto da validação, suplementação de nossas comunidades a qual pertencemos como do mundo interior dos nossos Personagens.

O desenvolvimento de uma idéia no self é sempre um processo de colaboração e de coautoria de várias vozes internas e externas.

Podemos sempre buscar outros Personagens com melhores respostas para as situações vividas, que resultarão em maior bem estar para as interações que estamos envolvidos.

Aqui você tem uma escolha. Agir pelo impulso do Personagem que surge a partir da mobilização causada ou pelo tempo interno que nos damos ao refletir uma emoção que a fala do outro nos causa, nos responsabilizando por ela: o que escutamos do outro? O que significamos internamente ao ouvir do outro?

Aumentar nosso autoconhecimento e controle sobre nós mesmo nos devolve uma grata satisfação.

 

TELMA LENZI | 25 de Maio 2020

 

OUÇA ESSA CRÔNICA GRAVADA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

PS: Em 2013 fundamentei esse recurso em um artigo científico publicado pela revista indexada Nova Perspectiva Sistêmica, número 47, intitulado Personagens Internos. Se você quiser aprofundar o assunto, este é o lugar.

 

Morte em Tempos de Pandemia – Como se despedir de quem se foi sem despedidas

23.473 mortes  (25/5/2020)

Um número, uma marca, um horror.

Não são número, são vidas.

Tem nomes.

Era o amor de alguém.

Tem a filha, o filho, o pai, a mãe de alguém.

Mas onde está a comoção do luto? E se fosse 117 quedas de avião, teria espanto?

Todos perdemos algo. Todos perdemos tanto.

Nossas vidas, nossas rotinas, nosso mundo de antes.

Como permitir o meu luto se ao meu lado todos sofrem suas perdas.

Descaso, deboche, desprezo. Um país desamparado, um povo em desespero.

Como ficaremos?

Ah! As dores emocionais,  as dores do luto, efeito colateral da Pandemia, vão durar muito.

Como podemos nos apoiar?

Como se despedir de quem se foi sem despedidas?

Por uns minutos vou guardar a minha dor.

Quero criar aqui um mínimo de contexto para honrar legados, honrar sofrimentos.

Aqueles que não estão mais lá podem ter nos deixado heranças,  lembranças.

Aqueles que não estão mais lá podem ter deixado memórias para nos conectarmos a eles.

Os relacionamentos íntimos não morrem, são eternizados, internalizados no nosso self.

E no self podemos dizer olá novamente ao invés de adeus a quem perdemos.

E, desta forma, crio no íntimo do meu mundo interno novos diálogos contigo.

E, no privado dos meus diálogos, te convido para pertencer a minha comunidade interna de Personagens que me acompanham.

Buscarmos juntos pelas nossas histórias vividas. Nos reconectarmos para sempre no que me é possível.

Ah! Mas dói.

Dói muito.

A dor da perda, a dor  do absurdo.

Por uns minutos vou ficar acolhendo a minha dor.

 

TELMA LENZI | 25 de maio 2020

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Diálogos – Uma prática pacifista

Convites ao diálogo:

O mundo, o meu mundo o seu mundo, se constrói e reconstrói  através dos diálogos, das trocas. Somos seres sociais.

Nosso nível de desenvolvimento  só se deu porque sempre nos unimos em tribos, em trocas para vencer os grandes desafios.

Diálogos acontecem externamente, publicamente em cada relacionamento de troca que nos torna.

Da mesma forma que diálogos continuam em nossas vidas internas, com nossos Personagens Internos nos momentos que cessamos a externalização das conversações e elas seguem no privado do nosso self.

Diálogos nunca cessam. Somente fazem pausas, mudam de interlocutores. Tornam-se públicos ou privados em uma contínua música.

Mobilizam estados e emoções e, transformam estados e emoções.

Geram reflexão, angústia, pressão, ampliação, transformação, bem estar, esperança, paz.

 

Dentre outros, trago dois fatores que importam na qualidade dos diálogos:

  • Nossa responsividade, capacidade de responder de maneira útil e geradora de novos significados para seguirmos adiante em trocas produtivas.
  • Nossa suplementação ao que escutamos do outro, que significamos internamente ao ouvir do outro. Aqui podemos agir pelo impulso da mobilização causada, ou pelo tempo interno que nos damos ao refletir uma emoção que a fala do outro nos causa, nos responsabilizando por ela.

 Este desafio está posto exatamente ai, na linguagem dessas trocas, nas formas preferenciais de estar com o outro.

Qual a sua escolha, sua filosofia de vida, seu tom em uma conversa?

Os tipos de conversa que temos uns com os outros nos falam muito da relação que temos com o outro.

Dialogar é uma busca colaborativa por entender a outra pessoa a partir da sua perspectiva e não da nossa.

Diálogo é uma forma de comunicação na qual falamos com o outro (em voz alta) e, num contínuo, com nós mesmos (internamente com os Personagens Internos), buscando novos significados para seguirmos adiante.

Os diálogos estão carregados de presente, passado e futuro. Carregados com a nossa história  pessoal.

Quanto mais nos conhecemos mais conseguiremos estar presente nos diálogos. E quanto mais estivermos em diálogos mais nos conheceremos.

 

Diferenciando diálogos de discussão e embates 

 

DISCUSSÃO/DEBATE

 

 

   DIÁLOGOS

 

Fecha questões    Abre questões
Convence    Mostra
Demarca posições    Estabelece relações
Defende ideias    Compartilha ideias
Ensina    Compreende
Domina x Submete-se    Colaboração
Examina as partes em separado    Vê as relações entre partes e o todo
Define a ideia que vence    Todos ganham
Descarta as ideias vencidas    Revela a pluralidade das idéias
Faz acordos    Faz emergir novos significados

 

Não estamos em diálogos quando: 

  • Estamos fechado para ouvir diferenças, questionamentos ou discordâncias.
  • Achamos que já sabemos do outro e antecipamos suas respostas, ou pressupomos o que esteja por trás delas.
  • Entendemos o outro através de nossa perspectiva e não da perspectiva dele.
  • Não checamos entendimentos constantemente.
  • Tentamos convencer o outro a concordar ou pensar como a gente.
  • Lutamos por um consenso, pela concordância e não aceitamos que o entendimento nunca é completo.
  • Perguntamos para atingir uma resposta esperada, ou conduzimos para tal.
  • Não sentimos o valor do outro como igual, como alguém que possa nos gerar algo a aprender.
  • Agimos sem perceber ou escolher com qual Personagem Interno estamos suplementando a interação.

 

Praticando diálogos

  • Esteja presente. Converse inicialmente sobre expectativas, criando um ambiente para que o diálogo possa acontecer. Garantindo que nele participaram múltiplas vozes de cada.
  • Busque colaboração.
  • Faça convites com genuína intenção de aprendizagem e respeito mútuo pelo conhecimento e pela perspectiva do outro, para gerar novos significados, perspectivas e ações.
  • Escute, ouça e fale com respeito. Respeito é uma atividade relacional, não uma característica individual interna. É ter e mostrar consideração pelo valor do outro.
  • Escute, ouça e fale como um Aprendiz.
  • Seja genuinamente curioso sobre o outro.  Você precisa acreditar sinceramente que pode aprender algo com ele.
  • Escute, ouça e fale para aprender.
  • Entender não tem fim. Questione o que você pensa que talvez saiba. Achar que conhece o outro pode impedir de aprender sobre o outro e simplificar  a complexidade do outro.
  • Escute, ouça e fale com calma e cuidado.
  • Pausas são importantes. Dê-se um tempo antes de falar.
  • Dê à outra pessoa tempo para pensar sobre aquilo que  ela quer falar e como falar.

  

Acredito que mudanças na forma de falar podem criar novas formas de vida, facilitar as relações cotidianas e mudar a maneira como as pessoas se relacionam rotineiramente, como seres dignos de respeito mútuo, produto e produtores de um mundo mais solidário.

Acredito que as realidades sociais são socialmente construídas e que a voz no processo de construção deve ser garantida a todos.

Dialogar é uma prática pacifista!

Telma Lenzi | 24 de Maio 2020

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Ação Política – Como podemos transformar o mundo através de nossas ações cotidianas

Toda ação que realizamos no mundo é de alguma forma, uma ação política. Ela defende um ideal, tem um background e valores implícitos. Ela demarca a nossa filosofia e a nossa direção. Direciona nosso olhar e nossas escolhas para consigo mesmo, o outro, o mundo. E pode gerar esperança.

 

Gostaria de apresentar a minha filosofia e seus norteadores, fundamentos de minhas ações no mundo, minha forma de pensar, refletir, agir e escrever. Elas atravessam minhas escolhas de palavras, meus convites para reflexão.

Envolvem tanto minha vida pessoal como profissional, sem distinção. Elas são as Práticas Colaborativas Dialógicas.

Essas práticas partilham de uma base comum de uma crescente comunidade internacional de estudos fundamentados em pressupostos derivados de teorias pós-modernas, construcionistas sociais e dialógicas. São chamadas práticas pós modernas, conversacionais, dialógicas e discursivas.

 

O que são as Práticas Colaborativas?

Envolvem uma postura filosófica para o relacionar-se e os relacionamentos.

  • Estar com o outro e não para o outro, pelo outro ou sobre o outro. Uma atitude, uma maneira, um tom que comunica as pessoas a importância delas pra mim.
  • As pessoas são seres humanos únicos e não uma categoria, e serão reconhecidas e apreciadas.
  • As pessoas tem algo a dizer que sempre vale a pena ser ouvido. Esta postura convida e encoraja as relações igualitária.

 

Alguns norteadores

  • Colaboração: importância de dar voz a todos. Desta forma, reforçamos a importância da democracia, da justiça social e dos direitos humanos.
  • Relações Igualitárias: gentileza, afeto, interesse genuíno na singularidade do outro.
  • Não as generalizações: somos todos singulares. Da mesmas forma, as soluções para os problemas humanos também o são.
  • Ceticismo:  verdades são construções sociais. Caberá aqui sempre a pergunta: a quem interessa tal verdade?
  • Respeito ao conhecimento local: validação do saber do outro sobre sua realidade.
  • Diálogos: convite a estarmos sempre em postura dialógica, tanto externa como privada, nos diálogos internos.
  • Self Dialógico: auditório de Personagens Internos definindo itinerários de nossas ações no mundo.
  • Feminismo Colaborativo: um convite para diálogos colaborativos entre homens e mulheres para a desconstrução do modelo machista patriarcal vigente.

 

Esta filosofia sustenta em mim a Esperança de que podemos ser a mudança que queremos ver no mundo.

Acredito que podemos gerar uma grande revolução, uma subversão de dentro do sistema.

Chamamos essa ação de Micro Práticas Transformadoras.

Quando não quereremos ou não podemos mudar o sistema de cima pra baixo, podemos agir desde dentro, no cotidiano das relações. Toda pessoa em suas práticas cotidianas pode iniciar uma diferença. Todos nós podemos transformar o mundo pelas conversas um a um, em diálogos respeitosos.

Podemos abandonar a ideia do individualismo e aumentar nosso cuidado com nossos relacionamentos e nossa comunidade através de práticas dialógicas respeitosas, de colaboração e respeito pelas singularidades de cada um.

Somos todos interligados no coletivo e teremos força de transformação quando contribuirmos para o bem-estar do processo relacional, que inicia e se propaga no um a um.

Eu acredito e me dedico a este caminho das micro práticas transformadoras.

O caminho de conversa em conversa, de reflexão em reflexão,  inspirando pessoas a fazerem a diferença e também a inspirar outras pessoas.

 

Telma Lenzi | 23 Maio 2020

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Vício alimentar – Atualizando crenças limitadoras sobre alimentação

Uma das lembranças boas da infância era tirar o miolo da ponta do baguete, encher de açúcar branco e saborear como um sorvete. E, nessa mistura de afetos, experiências e alimentação, o doce sempre esteve presente como um presente, uma recompensa na minha trajetória. Pelo menos eu o significava assim.

 

Cada qual viveu sua história e seu significados. Cada um guarda em si, retratos, memórias, tradições e signos que transformam o ato de se alimentar em uma coordenação complexa, íntima e singular.

Dificilmente comemos para nutrir o corpo em suas necessidades e só. Buscamos nutrir também emoções. Buscamos manter nossos padrões e identidades historicamente construídas.

Quilos a mais, quilos a menos.

Não validamos as vozes da ditadura do corpo perfeito. Interessa a quem essa verdade cultural tão propagada?

Longe de um padrão medido por uma tabela que não inclui singularidades, o seu peso ideal, o seu corpo ideal, os seu contornos ideais precisam ser ditados por você.

Vou compartilhar como reconstrui a minha relação com o meu Vício Alimentar.

Ao longo dos últimos 20 anos, acumulei perto de 20 quilos.

“Ah! Isso é normal. Todos ganham peso na maturidade! Difícil perder peso depois de uma certa idade!”

Essas falas não faziam sentido pra mim. O que fazia sentido é que eu não me reconhecia em meu contorno de então. Eu queria entender melhor a minha forma de me alimentar. Tinha algo que me intrigava e fui atrás de mim. 

O que fez sentido para mim:

  • Auto conhecimento
  • Conhecimento
  • Comunidade onde sustento minhas identidades

Comia na correria, na rua, sem muita consciência e qualidade e sabia que precisava mudar. Mas não sabia por onde.

Iniciei pelas compras de produtos de melhor qualidade, quando possível orgânicos, meu primeiro auto cuidado.

Mas não sabia e não gostava de cozinhar. Minha cozinha não me convidava a estar nela. Era o último cômodo do apartamento, virada de costa para tudo.

Arrisquei uma reforma sem muito saber se ajudaria a mudar meus hábitos ou se ficaria de enfeite. Ajudou.

Cozinhar de frente pra sala, olhando o mar ou o por do sol é sempre muito prazeroso.

Fiz um curso de culinária, que mexeu de dentro, revirou crenças e reforçou o auto amor no nutrir-se.

Comecei a frequentar mensalmente uma nutricionista buscando conhecimento. Este compromisso me manteve comprometida comigo, com o meu propósito.

Conhecimento do meu funcionamento metabólico e o que o meu corpo precisava. E conhecimento prático de produtos, ingredientes, receitas, suplementos, atividade física.

Pecinhas que foram montando um quebra cabeça abandonado. Meu olhar estava profundamente atento a mim, meus sentimentos e vontades, meus progressos em relação ao tema alimentar-se bem e consciente.

Mas o doce era a minha armadilha.

Difícil de abrir mão tinha um apelo forte de recompensa, satisfação alta e uma história presente em toda a vida.

Meu significado mais útil, até então, era que me recompensava pelo excesso de trabalho,  pelo cansaço.

Quando estava cansada eu comia alguma coisa doce ao invés de ir descansar.

Tentei descansar mais, trabalhar menos, mas não é assim simples, porque envolve outra rede complexa, a satisfação que tenho no trabalho.

Trabalhar muito é dignificante (crença pessoal).

Então comer um docinho, muitos docinhos para recompensar era internamente muito bem tolerado, em meus acordos e diálogos internos.

Tinha coerências antagônicas, e a compreensão não era suficiente para desestabilizar a matriz que gerou o significado dos excessos de doces. Em outras palavras, entendia mas nada mudava.

Um dia em aula, comentei com uma estudante o meu prazer com os doces e o mecanismo de compensação para o meu cansaço. Ao expressar o comentário utilizei, sem querer, a palavra Vício ao invés de Recompensa. E ao me escutar, abri um outro itinerário interno, um outro significado e compreensão, uma outra paisagem interna. 

Ah! A linguagem não é inocente. As palavras tem poder!

A linguagem nos prende e nos liberta. Somos nos limite da nossa linguagem!

Contei para mim que usava o açúcar como vício para sustentar minha rotina de vida. Sim, um vício. Tão sério como o alcoolismo, vindo do mesmo lugar: da cana-de-açúcar. Esta linguagem mudou tudo.

Ter sobrecarga de trabalho é dignificante. Ter um vício é desonroso.  Falou meu General Interno.

Concordei e senti a força da mudança de significado interno em mim.

E mudou minha relação com o doce. Agora posso saboreá-lo com moderação,  pelo prazer e não pelo excesso do vício.

Mudou tudo.

Minha alimentação, minha forma de descansar, meu peso, meu corpo, sem fórmula mágica, com novos significados internos. Dentro de um processo de recompor cada importante peça que fazia sentido para mim.

Queria finalizar reforçando a importância da comunidade.

Nossos diálogos internos saturam se não temos com quem trocar. Algumas vezes só precisamos de alguém que nos escute para podermos escutar a nós mesmos. Precisamos de pessoas para conversar que validam nossas identidades construindo juntos novas verdades mais úteis.

Não conseguiremos implementar mudanças significativas em nossas vidas se o contexto em que vivemos não suplementar nossas ações.

Eu agradeço a todos que fizeram parte dessa reconstrução de mim.

E você? Falar de mim sobre esse tema, chega até aí? Qual a sua relação com a alimentação?

Se tem algo que lhe incomoda sobre alimentar-se busque suas histórias. Busque o seu conhecimento sobre você.

Essa é uma jornada bem pessoal para transformar, dissolver ou reconstruir uma coordenação entre o alimento e os afetos que o envolve.

Não existe um certo caminho a seguir. Não existe generalizações porque somos únicos.

Posso falar de um caminho, o meu caminho e minha intenção é somente inspirar você a procurar o seu.

O final de cada episódio de superação vale todo o processo de buscar-se.

 

Telma Lenzi | 23 maio 2020

 

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Desconstruindo o Dia das Mães

Impossível se encaixar neste estereótipo da mãe do Dia das Mães. Quem é essa mãe que se encaixa no “padecer no paraíso”, no “doar sem ter pra dar”, no “abdicar de seus planos”, no “amar sem condicionar nada”?

Quem é essa mulher que não se queixa de cansaço, exaustão, depressão e ainda consegue sorrir na foto?

Nasceu pra ser mãe. ”

E o que ela vai fazer do direito a ter a própria vida?
Os filhos vem em primeiro lugar. ”

Em que ordem de cuidado ela fica?

O que é o dia das mães que não algo comercial, uma prerrogativa do nosso sistema capitalista patriarcal e machista? Colocam a mulher neste papel impossível de sobrecarga, vendem com isso e submetem as mulheres a caber na caixa.

Toda irrealidade vendida como possibilidade causa danos.
Toda manipulação tem uma intenção política.

 

E assim seguem as mulheres mães se nutrindo de culpa, se sentindo imperfeitas. Tão fácil manipular através do medo e da culpa.

 

Cenário pós dia das mães: escutei muitas falas de dor, restos de mal estar, sentimentos confusos, tristeza…

  • Muitas mães suficientemente boas não se valorizando.
  • Muitas mães que perderam filhos ou que ainda não conseguiram ter, se sentindo incompletas.
  • Muitos filhos e filhas sem mãe não tendo onde ancorar a sua dor no meio da comemoração.

E os filhos de mães tóxicas, violentas e abandonadoras oriundas de cenários emocionais igualmente frágeis, o que fazem no dia das mães?
Presenteiam, agradecem, retomam contato, negam suas dores?

E as mães tóxicas que ainda não se deram conta do estrago relacional e esperam, cobram e celebram esses dias, salpicando gotas de culpa ao invés de reparação?

A propaganda induz a dores neste dia. Bem nós, já fragilizados pela pandemia.

A realidade é que não existe a mãe da propaganda. Existe somente a mãe possível que cada uma de nós pode ser.

Cabe a mim, a você, a cada um mudar essa realidade.

Dia das mães, das mulheres, é todo dia.

 

Telma Lenzi | Maio 2020

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