Mensagem de Final de Ano | 2006

Eu agradeço! 

Esta é a frase que me acompanha este ano a cada pausa de reflexão. E vem de novo quando penso em uma mensagem de fecho de ano.

Mas para mim o ano não está fechando! Ele “morre e transforma-se” (Goethe) em julho, na época do meu aniversário.

É, mas somos alcançados pelo sentimento de stress do calendário: tudo acaba em 23/12, e passamos a refletir sobre nossas vidas e o ano de 2005.

Em seguida do sentimento de ser grata a tudo que vivi, vêm o agradecimento pela confiança da entrega e amorosidade de todos que se mantiveram ou vieram para perto: equipe de trabalho, professores, alunos, clientes, amigos, filhos e companheiro.

O Movimento é Rosa (literalmente com cortinas rosas). O Movimento é Feminino (tantas mulheres maravilhosas).

A ecologia do mundo e da mente clama pela atitude feminina (para homens e mulheres). Atitude Feminina que liberta nossa natureza dual.

O Sonho é Feminino. O Desejo é Feminino.

“A história da humanidade seguiu o curso dos Desejos” (H. Maturana) e, “não há nada como o Sonho para criar o futuro” (Leonardo da Vinci).

Minha homenagem à “força feminina”:

Em todas as Evas, Angelas, Alessandras, Anelises, Alines, Adrianas, Andréias, Anas, Ariannas, Amandas, Aparecidas, Amélias, Alices, Berenices, Bernadetes, Beatrizes, Biancas, Brunas, Carinas, Cláudias, Cleides, Cleusers, Cleusas, Celis, Claras, Carmens, Carlas, Celestes, Carolinas e Carolines, Cristinas, Cristines e Cristianes, Célias, Cibeles, Cecílias, Cátias e Kátias, Denises, Déas, Déboras, Dinalvas, Deises, Danuzas, Dilmas, Dóris, Danielas, Dulces, Emanuelas, Emílias, Eduardas, Eloás, Elaines, Elisas, Eloísas, Edivirges, Heloísas e Luízas, Francines, Fabianas, Fernandas, Fabrícias, Fátimas, Flávias, Gildas, Gerusas, Giseles, Gabrielas, Helenas e Lenas, Irenes,Iaras, Ilianes, Isadoras, Ilanas, Ivânias, Isabels, Isabelas, Jeanetes e Janetes, Jerusas, Júlias, Jucélias, Julianas, Joaniras, Jussaras, Janaínas, Jéssicas, Juditis, Joyces, Keyllas,Karinas e Karines, Kitys, Lauras, Lúcias, Lias, Lisandras,  Lilianes, Ledas, Lilianas, Lilians, Léias, Letícias, Leilas, Lolas, Leatrices, Marias, Maras, Marinas, Maíras, Márcias, Marianas, Marisas, Mírians, Marílias, Mônicas, Mirtes, Mabels, Maris, Magdas,Melinas e Melissas, Marlenes, Moemas, Manuelas e Emanuelas, Niamaras,Neides,Neivas,Natalinas, Natines, Nádias, Naras, Nildas, Odetes, Olívias, Patrícias e Patrices, Pedras, Penélopes, Renatas, Roses, Rosanas e Rosanes, Reginas, Robertas, Renis, Rosângelas,Rosas, Rutes, Rafaelas, Raquels, Saidys, Sofias, Sheilas, Suzanas e Suzanes, Sônias, Sandras, Stelas,Shalas,Saras, Sílvias, Solanges, Saionaras, Simones, Telmas, Thaíses e Taíses, Tânias, Tianas, Taianes e Taianas, Verônicas,Veras,Vitórias,Valérias, Vilmas, Violetas, Xalims, Xênias, Zeilas e… Daniela.

Um Feminino 2006 para todos nós!

Meu encontro com S.S. O Dalai Lama

Tenzin Gyatso, monge e doutor em filosofia budista, Prêmio Nobel da Paz, líder e mentor do povo tibetano, XIV Dalai Lama, é uma voz forte, lúcida. Comprometida com a paz! 

Ele chegou suavemente. Poder e humildade. Densidade e sorrisos. Jovialidade e setenta e um anos. Marcas de sua presença para uma platéia que silenciava.

Manifestava profunda curiosidade pela ciência ocidental, desde a adolescência. Seguiu então, nesta busca com especial interesse pelas pontes, articulações, sinapses, desafiando ortodoxias que retardam o exercício do ser humano para com uma atitude ética pós-moderna. E ele estava ali.

Tirou os sapatos e sentando na posição de Lótus, nos disse:

 “Reflitam sobre o que eu falar… Não são Verdades Absolutas, são reflexões de um ser humano”.

O que se introjeta de uma palestra, se não pela prática diária de uma mudança de atitude?

Em 1987 possibilitou o encontro da ciência com a Espiritualidade quando abriu sua residência em Dharamsala para a primeira conferência sobre Mente e Vida.

O encontro sobre Mente e Vida, assim chamado, foi organizado pelo neurocientista chileno Francisco Varela (conhecido do pensamento sistêmico desde a década de 70 por trabalhos com o também chileno e biólogo Humberto Maturana), e pelo empresário americano Adam Engle, com a proposta de reunir cientistas de várias disciplinas abertos ao diálogo, numa discussão privada, informal, e sem limitações que duraria uma semana.

Este processo continua até hoje, com reuniões a cada dois anos. Processo este que vem colaborando na ampliação da nossa noção de uma realidade mais abrangente: as novas teorias da física e da mecânica quântica se percebem já enunciadas nas antigas escrituras budistas e se dão conta de que não são tão novas assim.

S.S. O Dalai Lama

E ele agradecia. 

Aos cientistas, que lhe dedicaram tempo, paciência se intitulando um aluno lento, a experiência que estava tendo aqui no Brasil, as perguntas que o faziam ampliar suas reflexões. 

E nos convidava a refletir sobre compaixão e amor: 

Para que é preciso primeiramente alcançar a Serenidade Da Mente? 

Para ter paz de espírito, ter saúde física e bem estar psicológico e para poder lidar com o que temos que enfrentar como desafios da nossa existência. A Mente Serena possibilita nos encaminharmos com motivação positiva, aperfeiçoar valores, que é a atitude da ÉTICA HUMANA.

O que seria a Postura Ética? 

Ética Humana é estar sempre motivado, impulsionado a fazer o bem em benefício da outra pessoa. É ter uma atitude Ecológica – atitude de aceitação e compaixão com o outro. Amar é servir ao outro.

O que seria a Atitude de Compaixão? 

A base da compaixão é a paz de espírito. A compaixão vem acompanhada de sabedoria e paz. É livre de segundas intenções. A Compaixão Genuína traz respostas positivas nos relacionamentos. Traz afeto de resposta. Mas também atitudes firmes, limites são válidas quando temos como base a Motivação (Ética) correta para com o outro.

Benefícios da Atitude de Compaixão ? 

Fazer em benefício do outro nos traz como benefício paz, força interior, autoconfiança na nossa condição humana, reduz o medo, a raiva o ressentimento. Não podemos prever os resultados. O resultado maior é a paz pra quem se doa. Tranquiliza nossas mentes nossos relacionamentos, família, trabalho, humanidade.

Sobre a Ética e o Amor?

Estes temas da humanidade voltam a ter espaço de reflexão com a mudança de paradigma, em nosso mundo pós-moderno.

E ele se despedia falando que sua responsabilidade era colocar sementes de responsabilidade. 

Ética nas atitudes de cada ser humano, em cada diversidade de realidades que ele visitava.

O cuidado ecológico com as mentes e com o mundo é de cada um de nós. E que todo ser humano tem características de compaixão e amor, e têm falhas. Essa é nossa natureza complexa. 

Reconhecer esse fato é estar em um nível de consciência mais elevado, pelo qual devemos agradecer.

E eu o conheci. 

S.S O Dalai Lama

Ou, em outras palavras, um ser humano ético. 

Reconhecidamente um conciliador e pluralista. 

EU AGRADEÇO!

 

Telma Lenzi | 2006

 

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Frescobol: com duas bolinhas

Gosto muito do Rubem Alves.

Ele anda sempre por perto nas minhas reflexões. Prosear com ele é um prazer. 

O conheci através da leitura de sua crônica Tênis x Frescobol.  Sempre sugiro esta leitura para os casais que atendo.

Mas nestes dias de verão,  jogando e vendo parceiros jogarem o tal jogo de frescobol na praia, fiquei refletindo sobre as jogadas que não dão certo, as tentativas.

Rubem Alves fala que no frescobol, assim como nas relações, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. 

Se a bola vem torta, há um esforço para consertá-la. Não existe adversário. 

O erro de um é lamentado pelos dois, e logo se reinicia o jogo. A bola: são nossas fantasias, irrealidades, sonhos sob a forma de palavras.

Continuo minha observação na praia: 

Tirando os parceiros altamente performáticos, todos erram, e erram muito.

E é aí que mora a beleza e leveza do jogo, do frescobol e dos relacionamentos.

O que são os erros se não a nossa própria natureza nossa própria humanidade?

Manter um relacionamento implica des-iludir-se (ver a verdade).

Os erros são as tentativas, dificuldades, ajustes, crises, pausas, cansaços.

E, então, a bola cai e o jogo pára.

Somos todos únicos, homens e mulheres. Somos todos pessoas singulares, com visão de mundos tão diferentes.

Sonhos, desejos, fantasias e sentimentos tão diferentes.

Vamos errar, magoar e sermos magoados pelo outro.

Somos diferentes um do outro e as diferenças geram uma certa tensão.

Como é pra você a presença da diferença? 

Traz tensão, mas também faz crescer a relação?

Vamos errar muito, mas crescer muito com isto se nos permitimos buscar com respeito, ajustes, combinações, diálogo.

A questão não é errar, mas como lidamos com o erro.

A questão não é o lamento culposo ou crítico quando a bola cai e sim retomar o jogo.

Buscar manter a relação, o jogo, a bolinha no ar com as boas jogada pra buscar a continuidade. 

Sim, e incluir no jogo, na relação, nossas limitações, vulnerabilidade e humanidade. Nossas imperfeições  que com certeza irão muitas vezes paralisar o jogo. 

E vamos novamente recomeçar.

Eu na praia vendo um casal jogando frescobol. 

Os parceiros que eu  observava durante um bom tempo tinham um belo truque: jogavam com uma segunda bolinha no bolso, que fazia o jogo retomar mais depressa.

17/02/2006

Telma Lenzi | 2006

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Fazer Aniversário

Hoje é o dia que começou a tua vida. A vida começa na intenção de nossos pais.

Mas os vínculos começam com a vida e não acabam com ela, porque as trocas relacionais estabelecidas pulsam eternamente.

Cada situação vivida, de beleza ou de dor, causa um registro em quem está em relação contigo.

E hoje é teu aniversário! Hoje é o dia em que tudo começou.

O que tens para pensar sobre isso? Como te sentes no projeto criado por ti? Ser você?

É momento de avaliação de projeto. Fraquezas e fortalezas. Resultados alcançados. Finalizado não estás porque ainda estás vivo.

Então qual o(s) objetivo(s) a seguir?

Hoje é o momento de avaliação do projeto e ajustes de rota. E a pergunta é. Sou feliz com o que fiz de mim mesmo?

E a resposta conduzirá teu próximo ano. Parabéns!

Todos que te parabenizarem estarão respondendo: sim, ele(a) fez um bom trabalho sobre ele(a) mesmo e merece parabéns!

Seja feliz! Mais feliz ainda. Com todo o teu empenho!

Esta é a tua tarefa nesta vida.

 

Telma Lenzi | 2003

Confiança no Casamento

Recebi essa pergunta pelo site.

 Você acha possível um casal que perdeu totalmente a confiança de ambos os lados poder recomeçar o relacionamento e ser feliz?

Fiquei pensando sobre o que significa para cada um, para cada casal da palavra CONFIANÇA. 

Quais os significados que me vem sobre ela para iniciar uma reflexão?

Para mim…

Confiança tem a ver com entregar-se e com receber o outro. 

Confiança tem a ver com permitir ser cuidado e cuidar do outro.

Confiança tem a ver com o ato de amor: Aceitar o outro como o outro é. 

Confiança tem a ver com amar a si: incondicionalmente você não se abandonará. 

Confiança e autoconhecimento andam juntos: você conhece os motivos que te mantém junto ao seu parceiro (a)?

Confiança e responsabilidade andam juntas: você é totalmente responsável por seus momentos de felicidade e sofrimento. 

Você pode confiar em você, em suas atitudes e em sua própria coerência e incoerência? Será que já entendeu a natureza complexa da vida e de nossa humanidade?

Somos todos tão diferentes. Somos todos múltiplos em nossas vidas interiores.

Aceitar a realidade como ela é não causaria tanta desilusão. 

E aí mora um grande dilema. 

Não podemos atribuir ao outro a causa ou a responsabilidade das nossas (in) satisfações. 

E quando temos dificuldades de olhar para essa questão, criamos jogos, mantemos crenças limitadoras, geradoras de culpa.

Criamos uma outra versão para os fatos, até que finalmente conseguimos nos tornar vítima (igualmente nos tornamos o próprio vilão) da nossa história e das nossas relações. 

Quem traiu a quem com isto? 

Quem não foi digno de confiança?

Não importa o autor, o jogo é a dois. 

Todos jogam.  Este não é o problema. 

A questão é qual o jogo que se joga: 

AMOR ou ÓDIO.

CONSTRUÇÃO ou DESTRUIÇÃO

COLABORAÇÃO ou COMPETIÇÃO. 

Qual o final desta história?

Um casal pode voltar a ser feliz? 

Sim. Pelo exercício de amar.

“Amor é a emoção que constitui as ações de aceitar o outro como legítimo  outro na convivência.

Portanto amar é abrir espaço de interações recorrentes com o outro, na qual sua presença é legítima, sem exigências” (Maturana)

Um casal pode reconstruir-se sempre. 

O que precisa ser evitado é o recomeçar do jogo paralisante da culpabilização. 

E se for necessário o afastamento, a separação, se faça com respeito a si e ao outro, e não pelo jogo da vitimização.

Seja confiável para você mesmo!

Telma Lenzi | 2003

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