O CINZA É SÓ UMA COR. O RESTO É PRECONCEITO.

Os cabelos cinzas, azuis, rosas, brancos, loiros, castanhos, pretos, ruivos são todos lindos e você pode escolher sua cor. Qualquer cor.

Eu estou escolhendo a minha. Assumir meu cinza natural é um direito. É dizer não aos padrões impostos em uma sociedade machista. É uma quebra de um padrão estético.

Um padrão imposto pela sociedade de que toda mulher precisa parecer eternamente jovem e ter os cabelos de uma certa cor e forma considerada ‘natural’, mas totalmente artificial, para ser vista como bonita. Cansativo isso!

Cabelo liso não é o único bonito. Cabelo longo não é ser mais feminina. Cabelo colorido artificialmente não significa mais profissionalismo. Ter valor não é ser eternamente jovem.

Homens grisalhos são charmosos.  E mulheres grisalhas é sinal de envelhecimento, desleixo? Então mulheres não tem  direito aos seus fios naturais?

Poder se agrisalhar publicamente é um processo de autoconhecimento e aceitação. O cabelo vira uma ferramenta para você se descobrir e se aceitar cada vez mais. É um processo de dar voz a própria liberdade.

Os brancos e  grisalhos, fazem parte de um movimento de empoderamento feminino importante. Sim, mulheres podem deixar seus cabelos viverem naturalmente e celebrar seus fios brancos.

Parece tão óbvio, mas essa libertação feminina está dando o que falar. Trás uma mensagens não facilmente aceita de incômoda quebra das verdades impostas, também de personalidade, luta, resistência, estilo.Uma declaração de que a feminilidade vai além da cor do cabelo sendo a negação ao poder da preferência majoritária masculina, entre outras coisas mais.

A caminhada em busca do empoderamento pessoal feminino é longa, difícil, cheia de comentários e olhares tortos a cada esquina:

– Te envelheceu!

– Não te favoreceu!

– Vamos ver quanto tempo tu aguentas!

Mas também cheia de sororidade:

– Tá linda!

– Que coragem, poderosa!

– Também vou deixar os meus fios livres!

Sim, livres. Essa é a palavra que mais define o processo: Sentir-se livre. Livre do salão de beleza. Livre de padrões impostos. Livre pra ser mulher do meu jeito.

Aos poucos a gente vai percebendo que um fio branco é só um fio branco, que cinza é só mais uma cor, que envelhecer é um processo que infelizmente alguns não viverão para ver e que velhice é um estado de espírito prisioneiro aos padrões culturais.

Agradeço as vantagens da maturidade dos meus 61 anos que celebro hoje.

Rir de si, se experimentar, ser mutante, imprevisível, coerente, incoerente,  e sempre, sempre escolher por estar incondicionalmente ao meu lado e não ao lado de quem me olha torto.

Saber quem sou, minha potência e vulnerabilidade, e que com certeza não agradarei a todos com o meu jeito de estar no mundo, é o melhor presente deste novo ciclo que inicio.

 

Telma Lenzi | 14/07/2020

 

 

 

 

 

O Mundo Pós-Pandemia – Não voltaremos iguais mas podemos voltar melhores!

Não voltaremos à vida como era antes. O mundo não será mais o mesmo. Também não seremos os mesmo de antes. Será?

Ou logo esqueceremos as aprendizagens que vivenciamos no isolamento e, aos poucos, voltaremos a rodar na velha cultura capitalista e de consumo.

Agora eu nem preciso de carro. E depois? Vou voltar a querer um carro zero daquele modelo da moda?

Muito se fala, mas não temos ideia do Novo Normal, termo que estão usando para falar da vida que nos espera no Mundo Pós-Pandemia.

Não sei o que virá, mais um pouco sei de mim. Sei que sou otimista e tenho fé na humanidade.

Me inspiram os processos históricos e as mudanças sociais, das manifestações pelo respeito às singularidades que estamos vendo crescer em todas as áreas.

Também não acredito e nem gosto das grandes revoluções, das rupturas que, em nome da aceleração dos processos, atropelam as culturas.

Sou paciente, não tenho pressa com os processos e tenho fé neles. Gosto do micro. Das micro práticas de transformação.O caminho mais lento e de resultados mais duradouros. Onde cada um pode se comprometer em suas práticas cotidianas para iniciar uma diferença no mundo em que vivemos.

Alguns atos e conexões me inspiram a acreditar que não voltaremos ao mesmo nível de conhecimento e ações anteriores:

  • Valor maior dado para a ciência e a informação fundamentada.
  • Passamos a considerar heróis os profissionais da saúde e não mais os soldados de guerra. Profissionais da saúde salvam vidas, soldados matam pessoas.
  • Os investimentos pessoais mais buscados são na saúde, e no conhecimento.
  • Uma verdade é que desaceleramos. Menos gastos, menos excessos. Mais autonomia na lida doméstica de alimentação e manutenção das nossas casas.
  • O trabalho não é mais preferencialmente presencial. Em poucos dias essa realidade mudou. Foco no trabalho remoto. Redução de custo, de deslocamento, de transporte público, maior produtividade. Com menos gente circulando,  menor a poluição e a natureza agradece mostrando sinais de recuperação.
  • As pessoas e empresas que se destacam são por suas ações solidárias à crise, criando exemplos e boas memórias na coletividade.
  • Visibilidade para os invisíveis: O país das grandes desigualdades olhou para essa realidade: ¼ dos brasileiros ganham menos que ½ salário mínimo.
  • Nunca se doou tanto. Recorde histórico de doação no Brasil: + de $ 3,2 bilhões.
  • Entendemos finalmente que, ou saímos todos juntos ou ninguém sai dessa crise nacional, mundial. Prosperidade real é prosperar junto.
  • A população entendeu que o SUS tem seu valor, é importante.
  • Que o governo tem obrigações com os menos favorecidos, que o homem não é Deus, só faz parte do eco sistema, não reina soberano sobre nada.

O legado da Pandemia é a colaboração.

Diante de um inimigo comum global, estamos oferecendo empatia, amor, compaixão através de iniciativas sociais de todos os tipos, desde olhar para os nossos vizinhos com solidariedade, até entretenimento e cursos gratuitos  doados por empresas engajadas, para estimular o  “Fica em casa” para quem puder ficar.

O legado da Pandemia é a percepção  do que é essencial.

Abundância é mais do que precisamos.

A escassez é menos do que precisamos.

Entre esses dois conceitos existe o suficiente, o essencial, o que precisamos e nada mais.

O resultado dessas mudanças sociais que queremos ver no mundo que virá vai depender de nossa capacidade de reflexão e compreensão dos acontecimentos, dos posicionamentos da sociedade civil, das atitudes socialmente responsáveis das empresas, e claro, dos caminhos adotados pelos governantes eleitos pelo povo.

Enfim, vai depender de cada um de nós.

Por onde começar?

Por você.

Reflita sobre o que você está vivendo e como responde à restrição da liberdade.

Pergunte-se: de que forma posso me comprometer pelo coletivo ajudando a diminuir as desigualdades sociais ruins para todos?

O que estou gostando e quero manter, o que estou sentindo falta e quero valorizar mais quando a vida voltar a uma certa ‘normalidade”?

Identifique suas respostas ao que é essencial e suficiente agora.

Reconheça suas reais necessidades do que lhe é suficiente  e perceba se essas respostas mudarão ou não na medida que a economia se reaquece, o consumo se estabelece, a sociedade capitalista define o jogo competitivo do poder.

Se você for capturado pelo sistema, respire fundo e investigue suas velhas, programadas  e aprisionantes respostas. Talvez você encontre em seu mundo interno o (a) Personagem Jovem Imaturo (a) buscando a afirmação externa pra se sentir com importância. Acolha-o (a).

Pergunte-se a qual tipo de mundo social você deseja pertencer.

Inicie suas transformações no presente.

Você é merecedor de uma vida livre de manipulações.

Telma Lenzi | 27 de maio de 2020

 

 

Ação Política – Como podemos transformar o mundo através de nossas ações cotidianas

Toda ação que realizamos no mundo é de alguma forma, uma ação política. Ela defende um ideal, tem um background e valores implícitos. Ela demarca a nossa filosofia e a nossa direção. Direciona nosso olhar e nossas escolhas para consigo mesmo, o outro, o mundo. E pode gerar esperança.

 

Gostaria de apresentar a minha filosofia e seus norteadores, fundamentos de minhas ações no mundo, minha forma de pensar, refletir, agir e escrever. Elas atravessam minhas escolhas de palavras, meus convites para reflexão.

Envolvem tanto minha vida pessoal como profissional, sem distinção. Elas são as Práticas Colaborativas Dialógicas.

Essas práticas partilham de uma base comum de uma crescente comunidade internacional de estudos fundamentados em pressupostos derivados de teorias pós-modernas, construcionistas sociais e dialógicas. São chamadas práticas pós modernas, conversacionais, dialógicas e discursivas.

 

O que são as Práticas Colaborativas?

Envolvem uma postura filosófica para o relacionar-se e os relacionamentos.

  • Estar com o outro e não para o outro, pelo outro ou sobre o outro. Uma atitude, uma maneira, um tom que comunica as pessoas a importância delas pra mim.
  • As pessoas são seres humanos únicos e não uma categoria, e serão reconhecidas e apreciadas.
  • As pessoas tem algo a dizer que sempre vale a pena ser ouvido. Esta postura convida e encoraja as relações igualitária.

 

Alguns norteadores

  • Colaboração: importância de dar voz a todos. Desta forma, reforçamos a importância da democracia, da justiça social e dos direitos humanos.
  • Relações Igualitárias: gentileza, afeto, interesse genuíno na singularidade do outro.
  • Não as generalizações: somos todos singulares. Da mesmas forma, as soluções para os problemas humanos também o são.
  • Ceticismo:  verdades são construções sociais. Caberá aqui sempre a pergunta: a quem interessa tal verdade?
  • Respeito ao conhecimento local: validação do saber do outro sobre sua realidade.
  • Diálogos: convite a estarmos sempre em postura dialógica, tanto externa como privada, nos diálogos internos.
  • Self Dialógico: auditório de Personagens Internos definindo itinerários de nossas ações no mundo.
  • Feminismo Colaborativo: um convite para diálogos colaborativos entre homens e mulheres para a desconstrução do modelo machista patriarcal vigente.

 

Esta filosofia sustenta em mim a Esperança de que podemos ser a mudança que queremos ver no mundo.

Acredito que podemos gerar uma grande revolução, uma subversão de dentro do sistema.

Chamamos essa ação de Micro Práticas Transformadoras.

Quando não quereremos ou não podemos mudar o sistema de cima pra baixo, podemos agir desde dentro, no cotidiano das relações. Toda pessoa em suas práticas cotidianas pode iniciar uma diferença. Todos nós podemos transformar o mundo pelas conversas um a um, em diálogos respeitosos.

Podemos abandonar a ideia do individualismo e aumentar nosso cuidado com nossos relacionamentos e nossa comunidade através de práticas dialógicas respeitosas, de colaboração e respeito pelas singularidades de cada um.

Somos todos interligados no coletivo e teremos força de transformação quando contribuirmos para o bem-estar do processo relacional, que inicia e se propaga no um a um.

Eu acredito e me dedico a este caminho das micro práticas transformadoras.

O caminho de conversa em conversa, de reflexão em reflexão,  inspirando pessoas a fazerem a diferença e também a inspirar outras pessoas.

 

Telma Lenzi | 23 Maio 2020

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Vício alimentar – Atualizando crenças limitadoras sobre alimentação

Uma das lembranças boas da infância era tirar o miolo da ponta do baguete, encher de açúcar branco e saborear como um sorvete. E, nessa mistura de afetos, experiências e alimentação, o doce sempre esteve presente como um presente, uma recompensa na minha trajetória. Pelo menos eu o significava assim.

 

Cada qual viveu sua história e seu significados. Cada um guarda em si, retratos, memórias, tradições e signos que transformam o ato de se alimentar em uma coordenação complexa, íntima e singular.

Dificilmente comemos para nutrir o corpo em suas necessidades e só. Buscamos nutrir também emoções. Buscamos manter nossos padrões e identidades historicamente construídas.

Quilos a mais, quilos a menos.

Não validamos as vozes da ditadura do corpo perfeito. Interessa a quem essa verdade cultural tão propagada?

Longe de um padrão medido por uma tabela que não inclui singularidades, o seu peso ideal, o seu corpo ideal, os seu contornos ideais precisam ser ditados por você.

Vou compartilhar como reconstrui a minha relação com o meu Vício Alimentar.

Ao longo dos últimos 20 anos, acumulei perto de 20 quilos.

“Ah! Isso é normal. Todos ganham peso na maturidade! Difícil perder peso depois de uma certa idade!”

Essas falas não faziam sentido pra mim. O que fazia sentido é que eu não me reconhecia em meu contorno de então. Eu queria entender melhor a minha forma de me alimentar. Tinha algo que me intrigava e fui atrás de mim. 

O que fez sentido para mim:

  • Auto conhecimento
  • Conhecimento
  • Comunidade onde sustento minhas identidades

Comia na correria, na rua, sem muita consciência e qualidade e sabia que precisava mudar. Mas não sabia por onde.

Iniciei pelas compras de produtos de melhor qualidade, quando possível orgânicos, meu primeiro auto cuidado.

Mas não sabia e não gostava de cozinhar. Minha cozinha não me convidava a estar nela. Era o último cômodo do apartamento, virada de costa para tudo.

Arrisquei uma reforma sem muito saber se ajudaria a mudar meus hábitos ou se ficaria de enfeite. Ajudou.

Cozinhar de frente pra sala, olhando o mar ou o por do sol é sempre muito prazeroso.

Fiz um curso de culinária, que mexeu de dentro, revirou crenças e reforçou o auto amor no nutrir-se.

Comecei a frequentar mensalmente uma nutricionista buscando conhecimento. Este compromisso me manteve comprometida comigo, com o meu propósito.

Conhecimento do meu funcionamento metabólico e o que o meu corpo precisava. E conhecimento prático de produtos, ingredientes, receitas, suplementos, atividade física.

Pecinhas que foram montando um quebra cabeça abandonado. Meu olhar estava profundamente atento a mim, meus sentimentos e vontades, meus progressos em relação ao tema alimentar-se bem e consciente.

Mas o doce era a minha armadilha.

Difícil de abrir mão tinha um apelo forte de recompensa, satisfação alta e uma história presente em toda a vida.

Meu significado mais útil, até então, era que me recompensava pelo excesso de trabalho,  pelo cansaço.

Quando estava cansada eu comia alguma coisa doce ao invés de ir descansar.

Tentei descansar mais, trabalhar menos, mas não é assim simples, porque envolve outra rede complexa, a satisfação que tenho no trabalho.

Trabalhar muito é dignificante (crença pessoal).

Então comer um docinho, muitos docinhos para recompensar era internamente muito bem tolerado, em meus acordos e diálogos internos.

Tinha coerências antagônicas, e a compreensão não era suficiente para desestabilizar a matriz que gerou o significado dos excessos de doces. Em outras palavras, entendia mas nada mudava.

Um dia em aula, comentei com uma estudante o meu prazer com os doces e o mecanismo de compensação para o meu cansaço. Ao expressar o comentário utilizei, sem querer, a palavra Vício ao invés de Recompensa. E ao me escutar, abri um outro itinerário interno, um outro significado e compreensão, uma outra paisagem interna. 

Ah! A linguagem não é inocente. As palavras tem poder!

A linguagem nos prende e nos liberta. Somos nos limite da nossa linguagem!

Contei para mim que usava o açúcar como vício para sustentar minha rotina de vida. Sim, um vício. Tão sério como o alcoolismo, vindo do mesmo lugar: da cana-de-açúcar. Esta linguagem mudou tudo.

Ter sobrecarga de trabalho é dignificante. Ter um vício é desonroso.  Falou meu General Interno.

Concordei e senti a força da mudança de significado interno em mim.

E mudou minha relação com o doce. Agora posso saboreá-lo com moderação,  pelo prazer e não pelo excesso do vício.

Mudou tudo.

Minha alimentação, minha forma de descansar, meu peso, meu corpo, sem fórmula mágica, com novos significados internos. Dentro de um processo de recompor cada importante peça que fazia sentido para mim.

Queria finalizar reforçando a importância da comunidade.

Nossos diálogos internos saturam se não temos com quem trocar. Algumas vezes só precisamos de alguém que nos escute para podermos escutar a nós mesmos. Precisamos de pessoas para conversar que validam nossas identidades construindo juntos novas verdades mais úteis.

Não conseguiremos implementar mudanças significativas em nossas vidas se o contexto em que vivemos não suplementar nossas ações.

Eu agradeço a todos que fizeram parte dessa reconstrução de mim.

E você? Falar de mim sobre esse tema, chega até aí? Qual a sua relação com a alimentação?

Se tem algo que lhe incomoda sobre alimentar-se busque suas histórias. Busque o seu conhecimento sobre você.

Essa é uma jornada bem pessoal para transformar, dissolver ou reconstruir uma coordenação entre o alimento e os afetos que o envolve.

Não existe um certo caminho a seguir. Não existe generalizações porque somos únicos.

Posso falar de um caminho, o meu caminho e minha intenção é somente inspirar você a procurar o seu.

O final de cada episódio de superação vale todo o processo de buscar-se.

 

Telma Lenzi | 23 maio 2020

 

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Desconstruindo o Dia das Mães

Impossível se encaixar neste estereótipo da mãe do Dia das Mães. Quem é essa mãe que se encaixa no “padecer no paraíso”, no “doar sem ter pra dar”, no “abdicar de seus planos”, no “amar sem condicionar nada”?

Quem é essa mulher que não se queixa de cansaço, exaustão, depressão e ainda consegue sorrir na foto?

Nasceu pra ser mãe. ”

E o que ela vai fazer do direito a ter a própria vida?
Os filhos vem em primeiro lugar. ”

Em que ordem de cuidado ela fica?

O que é o dia das mães que não algo comercial, uma prerrogativa do nosso sistema capitalista patriarcal e machista? Colocam a mulher neste papel impossível de sobrecarga, vendem com isso e submetem as mulheres a caber na caixa.

Toda irrealidade vendida como possibilidade causa danos.
Toda manipulação tem uma intenção política.

 

E assim seguem as mulheres mães se nutrindo de culpa, se sentindo imperfeitas. Tão fácil manipular através do medo e da culpa.

 

Cenário pós dia das mães: escutei muitas falas de dor, restos de mal estar, sentimentos confusos, tristeza…

  • Muitas mães suficientemente boas não se valorizando.
  • Muitas mães que perderam filhos ou que ainda não conseguiram ter, se sentindo incompletas.
  • Muitos filhos e filhas sem mãe não tendo onde ancorar a sua dor no meio da comemoração.

E os filhos de mães tóxicas, violentas e abandonadoras oriundas de cenários emocionais igualmente frágeis, o que fazem no dia das mães?
Presenteiam, agradecem, retomam contato, negam suas dores?

E as mães tóxicas que ainda não se deram conta do estrago relacional e esperam, cobram e celebram esses dias, salpicando gotas de culpa ao invés de reparação?

A propaganda induz a dores neste dia. Bem nós, já fragilizados pela pandemia.

A realidade é que não existe a mãe da propaganda. Existe somente a mãe possível que cada uma de nós pode ser.

Cabe a mim, a você, a cada um mudar essa realidade.

Dia das mães, das mulheres, é todo dia.

 

Telma Lenzi | Maio 2020

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Dia da Mulher. Somos Todos, Todas Feministas

 

Vamos modificar a pergunta: por que você, mulher, diz que não é feminista?

 

Reflita se você se percebe em algumas dessas situações:

  • Você pode votar e ser votada.
  • Você pode escolher se quer casar ou não e com quem se casar.
  • Você pode evitar gravidez indesejada através de anticoncepcional, DIU, camisinha feminina, etc.
  • Você considera dever dos homens assumir a paternidade de um filho, não deixando toda a responsabilidade da gravidez com a mulher.
  • Você acredita que as tarefas domésticas devem ser divididas com quem mora junto em uma casa de maneira igualitária, sejam homens ou mulheres.
  • Você trabalha naquilo que escolheu trabalhar e acredita que toda mulher deveria ter esse direito.
  • Você recebe ou quer receber um salário igual ao de um colega homem que possui as mesmas qualificações e responsabilidades, e acha injusto quando isso não ocorre para você ou outra mulher.
  • Você quer se sentir segura dentro de um taxi/uber de dia e de noite ou caminhando pelas ruas de dia ou de noite, sem se sentir insegura de que nenhum homem irá assediar ou estuprar você, e gostaria que isso acontecesse com todas as mulheres.

Estes foram alguns direitos conquistados a menos de 90 anos por mulheres que nem cada uma de nós que buscamos equidade. E se você é mulher e se vê nesta lista, você é feminista.

A lista segue entre tantas outras coisas que para nós mulheres parece tão normal, mas muitos direitos ainda não estão assegurado.

Você pode estar associando feminismo com posturas, movimentos mais extremos que foram necessários dentro de um contexto social radicalmente patriarcal.
Mas você não precisa ser radical, não precisa criar conflito com os Homens que estão não sua vida, ou na sua comunidade. Precisa só ser Feminista.

Feminismo é um movimento que convida equidade de gênero.

Convida diálogo entre mulheres e homens e busca garantir que mulheres possam existir como mulheres sem sofrer agressões por isso, sem ser oprimidas, sem ganhar menos, sem ter direitos civis cerceados. 

Se não fosse o Movimento Feminista, você ainda estaria se casando sem poder escolher, não teria o direito negar sexo, evitar filhos e trabalhar fora ainda seria um absurdo.

Nossa cultura só chegou onde chegou graças ao feminismo.

Você só tem a liberdade de fazer as escolhas que faz por causa deste movimento.

Feminismo não é o contrario de Machismo.

Machismo mata, agride, oprime, tira direitos das mulheres e obriga homens a negar sua vulnerabilidade, humanidade. Feminismo busca direitos.

E se você é uma mulher feliz, em paz, poderosa, dona de si mesma e das próprias escolhas, e não se convenceu ainda que é Feminista e que deveria ser eternamente grata ao movimento, fica aqui o convite:  Não medir a realidade de outras mulheres com a sua régua e praticar empatia e sororidade.

No Brasil 12 mulheres morrem por dia só porque são Mulheres, por misoginia, feminicídio. A realidade ainda é muito dura para outras mulheres.

O feminismo só existe porque o machismo ainda existe.

No dia que a sociedade estiver livre do machismo, poderemos viver o “humanismo”.

E para colaborar nessa desconstrução precisamos ampliar a conversa, dialogar sobre o tema.

Então… Você é feminista?

Você aceita o convite de olhar o movimento por este ângulo?

 

Telma Lenzi
8 de março de 2020
Dia Internacional da Mulher

 

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Pausas…

Todo mundo precisa de pausas…
Pausa pra respirar, sentir, seguir.

Pausa pra ver o por do sol, pra meditar.
Pausa  pra rir, dançar, ser feliz.

Pausa pra chorar no cantinho aquela dor só sua.
Pausa pra criar, em seus diálogo internos, um presente melhor, ou quem sabe o futuro.

Seja aonde for, da forma que for, no tempo possível de cada um.
Pausas…

Estou fazendo a minha.

Presente de niver, abertura de ciclo, de década.
Obrigada Universo por permitir essa vivência.
Gratidão Elvira por estar comigo nesse lugar.

Mais do que acumular coisas, gosto de acumular experiências. Presentes que possam ir comigo na alma.
Essa foi minha experiência de pausa no @Kurotel.
Abrir mão por um tempo do relógio, das obrigações cotidianas da vida, da casa e trabalho, dos itinerários corriqueiros, automáticos e poder sentir, seguir somente o meu ritmo natural, cadenciado pelo meu tambor interno, é indizível.

O que mais aprecio nas pausas é reforçar meu compromisso comigo mesma, de ser prioridade, de me cuidar e sentir o caminho.

Perceber minha capacidade e o tempo interno de adaptação ao novo. Conhecer e vincular com novas pessoas, experimentar novos cheiros, novos lugares. Novas rotinas de horário, hábitos de alimentação e movimentação física. Permitir novas emoções e paixões, como o frio e a dança. Experimentar meu auto controle tomando somente o melhor chá e mantendo o foco no paraíso dos chocólatras que é Gramado.

Poder me reconhecer, conectar com minha versão atual, afinal somos um eterno tornar-se.

Um tempo necessário de desconstruções e reconstruções. Suficiente no ponto da saudade da minha vida real. Vida onde amo o que sou, tenho e faço.

Volto em estado de Gratidão. Gratidão ao Kurotel por existir.

Gratidão ao Dr. Luiz C. Silveira, médico visionário que aos 24 anos concretizou este local para a promoção da saúde, respeitando cada ser como único e singular, indo na contramão da medicina generalista.

Gratidão a Dra. Mariela Silveira que, como filha e segunda geração, trouxe o novo, o poder da Meditação pra cá e, assim como eu, faz sua parte pra ajudar o mundo a ser melhor com uma ONG que ensina meditação para crianças a partir de 7 anos na rede pública do RS.

Gratidão ao Psicólogo Francisco que, em nossas conversas e trocas, me apresentou o Personagem Primitivo, que aparece em situação de stress e reage em mim, querendo armazenar comida, de preferência doces (rs).

Gratidão aos novos amigos que fiz: Cris, João, Bernardo, Sueli, Carlinhos, Meire, Ira, Silvia.

Gratidão ao garçom Victor e sua equipe. Linha de frente na construção de novos hábitos alimentares, respondendo com humor e gentileza nossos pedidos e queixas.

Pode repetir? Sim. Amanhã a Sra. poderá repetir. 
Pode trazer mais uma taça (de sobremesa). Sim, a taça, com certeza.
Pode trazer um brigadeiro de sobremesa? Infelizmente está em falta.

Gratidão à proposta deste lugar. Desde a escolha dos profissionais que aqui estão, à qualidade das orientações médicas, ao treinamento físico personalizado, ao cardápio gourmet, tudo expressa aquela máxima de, quando estamos seguros de nossas competências, a gentileza e a humildade igualmente transparecem.

Finalizo aguardando as próximas experiências e me acolhendo na filosofia.

 

“A mente grata é aquela que atrai para si as melhores coisas.” – Platão.

 

Telma Lenzi | Julho 2019

 

Cheguei nos 60

Cheguei nos 60.

Que bom que sobrevivi a uma infância marcada pela ansiedade da morte anunciada do meu pai aos 10 anos.

Que bom que resolvi deixar minha cidade, Itajaí  e fui atrás do meu sonho de ser Psicóloga em Florianópolis aos 20 anos.

Que força me acompanhou quando, ao  mesmo tempo em que me tornava mãe, fazia parte do nascer e crescer da Teoria Sistêmica, do Instituto Movimento no estado, aos 30 anos.

Aos 40 eu senti meu caminho de separações, divórcio. Tanta coisa não fazia sentido e eu banquei.

Sabia o que o meu sentir queria: cuidar, servir, oportunizar, empoderar. Só não sabia que ia ser um trecho tão árduo. Mas segui firme meu propósito: criar uma ONG,  ser uma Terapeuta mais alinhada com seu tempo e sua comunidade.

E quanta gratidão tenho  de ter sobrevivido, aos 50, a um câncer de mama. Um mês depois da cirurgia  estava recebendo a Medalha Joana de Gusmão por serviços prestados à  comunidade como presidente da ONG Assim – Associação Instituto Movimento.

E com a alma plena fiz o “Discurso da Medalha” (que está no meu site) bancando a diferença entre bondade, filantropia e empoderamento de pessoas em seus recursos e direitos.

Hoje chego aos 60 com gratidão pelo meu itinerário, pelas minhas escolhas e pelas pessoas que a vida colocou no meu caminho, que me ajudaram nesse eterno TORNAR-ME. Desde a família de onde vim, aos filhos parceiros tão especiais que tenho, à minha equipe, meus clientes, estudantes e amigos.

Da mesma forma sou profundamente grata a meus Personagens Internos, meu auditório próprio de reflexões, diálogos e ações no mundo. Do General à minha Deusa interior, passando pela minha Criança, Terapeuta, Silvia,  All Mother e tantos outros que formam e formarão a multiplicidade do meu eu.

Estou feliz, consciente da minha idade e ciclo de vida e disponível para as novas aprendizagens e aventuras que  a vida me presentear.

Sim, eu vivi o que foi me oferecido pra viver e sigo.

Só gratidão no coração 🙏

Telma Lenzi

15/07/2019

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Celi está fazendo 90 anos

Quase um século vivido e experimentado de perto, com todas as revoluções culturais, sociais destes tempos.

Nasceu com uma inquietude de sempre quero mais.

Alfabetizou-se antes que todos esperassem. Tinha sede por conhecer todo o conhecimento disponível.

Sua sensibilidade e gosto musical pelo piano, sua paixão pelos estudos, literatura, sua condição familiar, social e cultural influenciaram para que cedo deixasse sua cidade natal, Itajaí, em busca de continuar os estudos.

Ela queria um mundo maior p’ra ela e assim foi.

Não cedeu aos limites da condição de mulher da época.

Era boa, se não a melhor em tudo.

Desde campeã de tênis de campo à tudo 10 por extenso no boletim.

Ao voltar do internato na capital, foi uma das primeiras mulheres da cidade a exercer um trabalho. Sempre monitorada de perto por seu pai muito amado, um europeu (alemão) com sensibilidades especiais.

Queria o conhecimento, queria a liberdade e a autonomia financeira.

E assim viveu até se apaixonar e ceder aos costumes de uma sociedade machista da década de 50. Para noivar, foi colocada a condição que deixasse o trabalho no Banco Nacional do Comércio.

Ela também queria o amor, o casamento e família. Ela queria tudo.

Casou com o grande amor da sua vida.

Um bom partido, como dizia-se na época. Seus olhos verdes enigmáticos, sua grande responsabilidade perante sua família, a encantou.

Com ele teve cinco filhos para criar, uma casa grande para administrar. Equilibrando-se para junto dar conta da cardiopatia grave que atingiu seu marido durante quase 20 anos, levando-o quando ela tinha 56 anos.

Mesmo com essa vida de sobrecarga, sustos, risco de morte do marido e correria, não esqueceu de si, de suas vontades, de seus talentos.

Dizia: “descansar é mudar de atividade.”

Dedicada e talentosa com as artes manuais, corte costura e tricô, vestia as 4 filhas com suas produções.

Aos poucos passou a aceitar encomendas de tricô na máquina e a ter sua própria liberdade financeira. A casa tinha um  movimento extra de suas clientes e o barulho do rec rec inconfundível da máquina de tricô pra lá e pra cá.

Tocava seu piano estimado após o almoço. Ainda sinto a nostalgia ao som de “Branca”.

Voltou a estudar fazendo o supletivo para completar o segundo grau. Tirou o primeiro lugar no estado. Sua característica de quando fazia algo se dedicava por inteiro. A melhor.

Passou no vestibular, mas não seguiu. Por crenças sociais, pelo marido, falta de apoio? Não sei.

Apoiava os filhos e mantinha sempre a casa cheia de amigos deles. Mesa de ping pongue e bolinho de banana mantinham a turma animada.

Nos primeiros verões, veraneava em casas de temporada até adquirirem o apartamento de Balneário, que era um sonho seu.

As necessidades da doença do marido a fizeram entrar na auto escola e aprender a dirigir com quase 50 anos. Fato que trouxe autonomia e liberdade que a ajudou a construir a segunda etapa da sua vida: 56 anos e viúva.

Viúva, com quase todos os filhos criados, casados ou encaminhados.

Tinha somente um caminho: Viver. Mas viver bem. Viver o que não tinha vivido ainda.

Com conhecimento, liberdade e autonomia financeira, foi experimentar a vida.

Morou em Itajaí, depois em Blumenau por bons anos, onde fez muitas amigas e por fim escolheu fixar residência em Balneário Camboriú. Isto a deixou mais longe dos filhos, mas com total liberdade.

Com seu carro, seu grande companheiro, foi aonde quis.

Abriu mão do fogão, dos almoços diários. Comia em recentes restaurante a quilo, usufruía do advento dos pratos congelados.

Uma das pioneiras no Facebook, internet, jogos, por ali se atualizava com a família.

Montou uma confecção de enxoval para bebês e artesanatos patchwork para mesa e cozinha com motivos variados e temáticos.

A maquina de tricô ficou de lado, dando espaço para a máquina de costura. Trabalhou muito, vendeu muito, teve muito sucesso, reconhecimento e retorno financeiro.

Em sua segunda vida em Balneário, pertencia a vários grupos.

De Presidente da rede feminina, ao grupo da Apae, Ofiarte, voluntariados de ajuda aos mais necessitados. Também gostava muito do seu grupo da canastra e o da seresta.

Com tudo isso nunca faltou socorro aos filhos. Nas muitas dificuldades, nos nascimentos e nas doenças, era a primeira a chegar para cuidar.

Assim como nos nossos êxitos pessoais e profissionais, sempre presente prestigiando.

Mas sua vida era lá em BC.

Sua festa de 70 anos, foi para as 70 amigas íntimas. Uma grande rede de amigas. Assim como foi linda sua festa de 80 anos.

Mas a vida cumpre seu trajeto para todos.

E nestes anos de Balneário, foi se despedindo de todos os seus irmãos e de muitas amigas queridas. Sua grande rede foi diminuindo naturalmente.

Com sua simpatia, inteligência e mente atualizada foi renovando com amigas mais jovens, com os amigos dos filhos, com a vizinhança do prédio que sempre a trataram com afeto e a socorreram em adversidades.

Seu aniversário de 88 foi diferente, não teve festa.

Estava internada com fratura de fêmur por causa de uma queda doméstica.

Surpreendentemente passou pela cirurgia e complicada recuperação.

Não perdeu a vida, mas perdeu a liberdade e a autonomia, pilares da sua estrutura emocional. Perdeu a possibilidade de morar sozinha na sua casa, como bem gostava.

Estes dias falou que não viu o envelhecimento chegar. Quando a vida está boa o tempo passa muito rápido mesmo.

Que difícil estes tempo agora, mãe. Para ti, para mim, para todos.

Difícil te ver sem tua força, tua base de liberdade e autonomia.

Restou tua ousadia que hoje virou teimosia.

Restaram tuas queixas, tua insatisfação, tuas faltas, teu constante pesar, que são tuas saudades de todo o bom que vivestes na tua segunda etapa da vida.

Não podemos te dar o que precisas, porque a vida passou.

E olha só pra tua trajetória.

Quanta experiência vivida em uma só vida.

Quanto a agradecer pela oportunidade de viver e envelhecer, que tantos não puderam.

Quantas histórias pra contar e deixar de legado.

Abre mão do que não volta mais e vive o momento presente do teu Matriarcado e nos ensina a lidar com a finitude com gratidão e leveza na alma.

Por favor.

Não abre mão de ser minha, nossa mãe.

Faço uma pausa e imagino tu lendo esta crônica sobre ti, corrigindo meus erros de português. Sim tu és melhor nisso e me dizendo ao final: “Hum! Pra lá vamos!”

Sim mãe. Todos vamos.

E nem sabemos quem é o próximo.

Quem tem mãe tem tudo!

Te amo!

Telma Lenzi | 27/06/2019

 

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Educação: um compromisso público

No sábado dia 27 de maio de 2017,  um grupo de pessoas, uma comunidade colaborativa, se reuniu para refletir sobre o Sofrimento Emocional na Educação.

Para além dos problemas apresentados construiu-se possibilidades e o compromisso de torná-las públicas.

Neste documento que a mim, Telma Lenzi,  foi designado, coube a tarefa de integrar saberes e sentidos, esperanças e desesperanças, para contribuir com os caminhos de uma educação sem violência no nosso contexto.

Nós nos comprometemos em fazer algo que possa gerar uma diferença.

Como ativistas com “a” minúsculo, de dentro do sistema, propomos subvertê-lo com uma prática de paz construída nos encontros humanos: os diálogos. Sejam internos ou externos, seja pessoalmente ou pela leitura deste texto, fazemos ao leitor o convite para pensar conosco as possibilidades para a educação.

Acreditamos que a educação ocorre muito além das salas de aula, em qualquer relacionamento, em qualquer contexto, em nossas famílias, em nossas vidas cotidianas, na linguagem.

Diálogos são momentos especiais, que ocorrem em todo relacionamento humano e nos quais a fala de cada um é recebida com respeito e compreensão pelo outro, criando um entendimento útil e compartilhado. São micro práticas de paz, que permitem a compreensão da singularidade e da alteridade de cada um. Construídos a partir da escuta generosa e do cuidado com as abstrações e julgamentos que não levam em conta o contexto e a história onde cada um situa seu posicionamento. Uma filosofia de vida.

A partir destes norteadores, o processo (o formato, o modo, a experiência) como aconteceu o Curso de Sofrimento Emocional na Educação torna-se nosso caminho preferencial para uma educação de relacionamentos de paz.

A partir do que vivenciamos em nossa experiência, propomos o que segue como um convite à reflexão de todos:

  • Desenvolvemos uma comunidade relacional, convidando todos os envolvidos e interessados no tema para a conversação de possibilidades
  • Incentivamos formas narrativas
  • Damos voz a todos em pequenos grupos e em grande grupo
  • Tornamos público diversos saberes distintos e legitimamos o maior número de vozes possíveis
  • Propomos práticas e formas alternativas de exposição do conteúdo para legitimar as várias formas de aprendizagem
  • Enfatizamos a prática dos Diálogos de Paz: Ouvir genuinamente, falar apreciativamente, sem julgar, conhecer o contexto e a história pessoal de cada posicionamento
  • Respeitar e validar vozes diferentes nos diálogos internos e externos
  • Criar novos entendimentos compartilhados
  • Escolhemos os diálogos de qualidade, as micropráticas de Paz e suas formas de abranger o macro sistema, mesmo que por vezes nos pareça utópicos
  • Questionamos a verdade com “V” maiúsculo e o ativismo com “A” maiúsculo como formas radicais de posicionamentos, que podem convidar ao embate e aos diálogos violentos. O ativismo com ‘a’ minúsculo propõe  mudança de dentro do sistema
  • Usamos o acolhimento e a afetividade das práticas humanizantes nos contextos onde possamos ir além dos rótulos e diagnósticos da cultura do déficit
  • Não aceitamos convites para interações violentas. Articulamos de forma pacífica, com limite, e convidamos outras vozes diante destes contextos
  • Cuidamos de nossos diálogos internos no cotidiano para percebemos com que vozes estamos reagindo ao que ouvimos. Relações de paz consigo mesmo resultam relações de paz com o outro
  • Misturamos as fronteiras entre sala de aula e vida pessoal
  • Abrimos mão do individualismo e percebemos o contexto como um todo

Estudantes, professores, escola, sistema educacional estão todos saturados. Não há culpados.

Sabemos que o que foi pensado individualmente por alguém é  um subproduto dos seus diálogos e seus relacionamentos. Mas o ensino tradicional, com sua base individualista, reproduz a cultura do isolamento e alienação,  não reconhecendo a importância da produção relacional do conhecimento.

Somos todos responsáveis em propor com à comunidade possibilidades de mudança através do aprendizado colaborativos com os outros e através dos outros.

Assim sendo abaixo assinamos,

Alessandra Carvalho Costa Leite
Amanda Dos Anjos Corrêa
Amanda Dri Lima
Ana Carolina Vianna de Rezende
Ana Claudia Felicissimo Camargo Lima
Ana Lúcia Cidade
Ana Paula de Almeida Girolamo
Andressa Silva da Rosa
Bruno Lenzi
Caroline Battistello Cavalheiros S.
Cidiane Roberta Monteiro Lofi
Daiani Villain
Daniele Albino
Debora Ramos
Edson Tadeu Benthien
Guilherme Barros Farah
Isabelle da Silva Kretzer
Izanete da Silva
Juliana Pereira
Karoline Machado da Silveira
Letícia Gabriela Weigenannt Simão
Luana Hemsing Costa Cacciattore
Luísa Gonçalves Santos
Maria Aparecida Medeiros Peres
Maria Célia Hasse
Mariana Vieira Apóstolo
Mário Cesar Fernandes
Melissa Lins de Abreu Lange
Mirthis Macedo
Pedro Pereira Lenzi
Priscila Christianette
Renee Valentine Gonzaga Curial
Ricardo Bernardini de Oliveira
Rita Verônica Mendes
Roberta Roque da Silva
Savana Flores Pereira S.
Silvia Martins Janeiro D’Auria
Suzana Souza Araújo
Telma P Lenzi
Thaís Bastos Ramos
Thaisline Priscila Farias
Thuany de Melo Coelho
Victor Moreia de Moraes Lopes

Florianópolis, junho de 2017.